quinta-feira, 17 de julho de 2008

MARCAS DO MEU TEMPO


2008 arroto direto no esgoto! Não troco esta vida por nada, mas se tiveres 38 reais, poderia comprar uma boa dose de diversão. Não preciso de tanto para me divertir, brinco com o inusitado, aproveito bem as horas e quem está ao meu lado agora, do lado de fora como eu, ver melhor quem se atreveu e quem nada viu e mandou tudo para aquele lugar.
Vou (con)seguindo, calmamente vazio, mas sempre em frente, eu suponho. Nesses tempos cheios de buracos, o melhor é estar “morto”, legal já estou conseguindo me tornar um covarde, falta-me agora apenas a farda; a população já não agüenta, vivem agora atentos com tudo e para isso desconfiam de tudo, até da mãe, será que este garçom é confiável? Porque os amigos eu já dispensei! Preciso estar esperto e forte e vou me enfraquecendo de espírito, me engrandecendo de ilusão, das piores, diga-se de passagem, pois eu sou do tempo que ilusão era uma coisa boa, que nos fazia sonhar sem medo de perder o trem, sonhar acordado era apenas uma figura de linguagem, hoje é ser um vacilão! Vacilou , dançou! Vacilo é vala, meu irmão! Irmão é modo de dizer, todo mundo sabe!
A polícia matou mais um, mais dois, o outro era inocente, foi no pacote, sabe comé, né! Tudo farinha do mesmo saco, cidadão agora é só um palavrão, uma palavra no aumentativo, para os mais criativos é uma cidade grande: Cidadão! Porque de sério não tem nada, viramos pilhéria de uma crônica com um tique nervoso e crônico de uma desordem anunciada. A violência é uma arca do meu tempo, uma marca também, que leva a gente para o precipício e depois volta tranqüila como se fosse um passeio de domingo pela lagoa repleta de piranhas, falo dos peixes mesmos, e tubarões. E o tempo é escasso, não há muito dele por aí dando sopa, hoje em dia não podemos nem gastar tempo, com tanta tristeza de troco, quiçá dinheiro, ah, esse dinheiro que nunca é o bastante; não seria isto um mistério, a pior das ilusões?! Mas estamos todos hipnotizados, vamos mesmo para o precipício, eu não ligo já que estou me divertindo! Tempo e dinheiro se completam, eu diria, se atropelam, e o homem, hipnotizado, morre por um e enlouquece pelo outro, mas tudo bem desde que ele esteja no “comando”, só se for no comando vermelho, meu chapa! Não pense você que o teu dinheiro te salva, ao contrário, ele te condena, e a tua pena é ter, mas não ser; e pensar que é um deus, só vai desmantelar as suas relações; você também é rebanho, massa de comando, todos somos e tão alienados que jamais faremos nada por nós mesmos; mas quem liga? Olha agora para tua barriga, já que o teu umbigo não mais se pode ver. O que mais te irrita? O que mais você pensa ser?! Bah!!!
Enquanto isso a cidade se consome. O chefe da polícia é amigo dos bandidos com o aval do governador; o oficial do exército, que alguns jovens o desacatou, foram condenados a morte à revelia da raiva e da covardia de seu “protetor”, entregues a inimigos traficantes, que o problema sublimou (Ih, isso dá música!). Só faltavam as criancinhas, agora não falta mais! Mas meu Deus do céu, que pandemônio este planeta! O caldeirão está fervendo, mas quem está mexendo a colher?! Está insossa esta nossa sopa, você não lavou o pé?!

Mais uma tragédia prestes a acontecer...é só esperar mais um pouquinho e...pronto! Mais um para as estáticas e as manchetes dos jornais, (se espremer sai sangue, heim!). Dois policias metralhados em plena zona sul da cidade, imaginem como não está a zona norte, aliás, tudo é uma zona só, viramos a zona da morte! Isso sem falar nas grandes catástrofes mundo a fora, guerra para todo lado, aquecimento global e etc e tal...tra-la-lá, tra-la-lá, tra-la-lá! Um horror!

Faço minhas as suas palavras, poeta! Também não sei o que dizer do mal sobre a terra, também acho que o Amor hesitou!