quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

EU ESTE OUTRO

Quem está na praia agora
Onde antes eu estava
Quem festeja a todo instante
O doce da vida afável
Quem não conhece despedida
E mergulha ainda destemido
No mar profundo da imensidão
Que a vida é
Quem
Que ao invés de mim
Saboreia despreocupado o agora
Como se fosse para sempre
Quem parece ausente
De tanto que é presença
Quem jovial e sem velhice
Ainda se inebria com as peripécias do amor inocente
Quem não espera troco
E ainda arranha um violão
Quem ainda acredita nas canções
E que bem diferente de mim
E bem igual a tudo que eu era antes
Não tem medo da morte
E nem tampouco medo da sorte
E nem fica contando os passos
Quem sou este outra agora
Que eu abraço?!

COMUM COMO UM

Sou um poeta
No pior sentido da palavra
Desastroso, desastrado, inútil, enrolado
Delirante como uma palavra errante
E como disse antes
Num poema distante
Gosto mais de ser letra que pessoa
O que me anula como ambos

Sou um poeta comum
Como um açougueiro é um açougueiro
Como um pescador é um pescador e pronto
E nada mais
Embora estes (entre tantos desiguais)
Com muito mais valia e utilidade

Sou poeta estrangeiro
Cheio de solidão e nenhuma solidez

Sentado sobre os livros
De onde vejo vocês
Sou feliz ao meu modo
No melhor sentido da palavra!