quinta-feira, 12 de março de 2009

O BAR - lugar de encontro de grandes amigos e boas estórias

BAR: “Lugar de encontro de grandes amigos e boas estórias!”

Uma boa definição. Aquela placa solitária na parede, causou em mim um frisson nostálgico e carente, que me fez parar. Voltei, olhei de novo para ela e vi toda a minha vida passando por mim como um bloco de carnaval. A buzina dos automóveis me devolveram a lucidez. Fiquei alcoolicamente emocionado e não me fiz de rogado. Precisava saudar aquele momento, reverenciar aquelas tão sábias palavras. Senti uma enorme vontade de brindar àquela enfática citação. Aquilo era a minha vida. Entrei, pedi um conhaque, depois uma cerveja, acendi um cigarro e quando dei por mim, já eram três os vasilhames, três garrafas solitárias e vazias como eu. Me via sozinho, pensando em amigos de outrora, de como vivíamos, quantas estórias tínhamos e inventávamos, de como aquele local era sagrado para nós, um lugar que não havia discriminação de raça, credo ou cor, que não havia ordem, mas nem tão menos autoridade, que pelo contrário, tinha o dom de unir a quem quer que fosse, um lugar, um recinto, onde podíamos rir, chorar, cantar, contar nossas piadas, sermos sinceros ou falastrões, onde podíamos derramar nossas lamúrias, como numa igreja, a igreja dos bêbados, ou se regozijar com papos idealistas ou meros ou futebolísticos, ariscos, ricos, bêbados ou engravatados, chatos, interessantes, velhos e moços, gostosas ou não, maridos traídos, garanhões assumidos, um lugar de pura satisfação e sacanagem escrachada que o carioca tanto gosta, ou para um papo firme, sério, honesto. Ou seja, um verdadeiro santuário de gente de verdade, viva, acesa. Eu cuspo e bebo; eu falo e fumo; eu cuspo e rio. Tudo desordenadamente lindo e permitido, um caos, um fervedouro, uma democracia, regada a muita cerveja e vida vadia, boêmia e não vazia. Um verdadeiro paraíso terrestre ou um colossal inferno-purgatório onde todos são perdoados de tudo, desgarrados de tudo, livre de tudo, nem que seja por alguns minutos. E o prazer que se tem quando se toma uma estupidamente gelada, não é igual em nenhum outro lugar. Só quem freqüenta sabe.
E aquele gole tinha o sabor inenarrável das conversas ímpares que eu tinha com os colegas e não tenho mais e que era a minha salvação e a salvação de todos. Salve o bar! Viva a liberdade!