segunda-feira, 30 de março de 2009

O CACTO!

Há dias que não se encontra ânimo para nada. Dias assim é como uma garça em alto mar sem pouso. Eles têm razão. Será que por isso, em dias assim, eu me sinta tão triste e desassossegado, feito um cacto no deserto, que ao invés de espinhos, tem e vive um tremendo mau humor?! O meu mau humor são os meus espinhos! É isso?! Não se aproxime então, não chegue perto, pois mesmo que eu te queira bem, posso ainda te magoar, mesmo sem querer te machucarei, acho que o cacto é triste porque ele não pode abraçar ninguém, e eu que nunca tenho ninguém para abraçar? Acho que vou abraçar um cacto, que é um dos meus. Eu sou um cacto de vazio imensidão, um monstro de tanto tédio ao redor! Eu não me suporto nessas horas, você me entende, agora?! Cadê os meus cigarros, ah, cadê?! Puta que pariu, sem cigarros! Vamos à bebida, então. Um pilha de nervos, gosto do azul, mas está tudo cinza, gosto do cinza também, gosto das cores, principalmente as dos drinks que faço. Porra, que solidão!

terça-feira, 17 de março de 2009

A MORTE DO PRESENTE (Um país de segunda)

Somos um país de segunda categoria! Tudo é de segunda. Os discos, os DVDs, as roupas, calçados, bebidas, a polícia(corrupção), transportes, até o sorvete, até o futebol, as relações, os sub-empregos, a educação... Instaurou-se entre nós uma cultura desastrosa e pérfida, escrachada, do quanto pior, melhor! E ninguém se importa com nada e não importa mais quem atirou a primeira pedra. Tudo é solvente, dissimulado, um descaso só. Nossas crianças estão surdas e perdidas, nossas doces e inocentes criancinhas, dançando desprotegidas o ritual antropofágico do futuro submerso no nada. Seus pais cantando sozinhos e felizes a sua desumanização, quase voluntária, dos que na ignorância, fazem coro ao inusitado e capenga estado das coisas. Sons e imagens ( música indecentes e TV mal intencionada) aguçam e proliferam a desordem e a desestrutura conjunta e individual de uma sociedade já hipócrita, pagã e vexatória. Nada mais tem expectativa de nada, nem de um crescimento sadio, nem de uma educação razoável, perdemos o prumo, a direção, os valores, a identidade e a inclinação para as coisas mais sadias; perdemos o parâmetro e nos contentamos com o desastroso e maléfico (no pior sentido) poder da sedução pela sedução do poder, o poder pelo poder, o maldito poder do dinheiro sobre todas as coisas, o poder da mídia em detrimento ao poder da igreja (que também não era honesto), a desestruturação da família, a morte do presente.
Deterioraram-nos até aqui, nossa audição, nossos olhos, nossa mente. Estamos todos contaminados com o vírus frio e mórbido da desumanização em massa.
“As pessoas que tentam tornar este mundo pior, não tira um dia de folga!”

quinta-feira, 12 de março de 2009

O BAR - lugar de encontro de grandes amigos e boas estórias

BAR: “Lugar de encontro de grandes amigos e boas estórias!”

Uma boa definição. Aquela placa solitária na parede, causou em mim um frisson nostálgico e carente, que me fez parar. Voltei, olhei de novo para ela e vi toda a minha vida passando por mim como um bloco de carnaval. A buzina dos automóveis me devolveram a lucidez. Fiquei alcoolicamente emocionado e não me fiz de rogado. Precisava saudar aquele momento, reverenciar aquelas tão sábias palavras. Senti uma enorme vontade de brindar àquela enfática citação. Aquilo era a minha vida. Entrei, pedi um conhaque, depois uma cerveja, acendi um cigarro e quando dei por mim, já eram três os vasilhames, três garrafas solitárias e vazias como eu. Me via sozinho, pensando em amigos de outrora, de como vivíamos, quantas estórias tínhamos e inventávamos, de como aquele local era sagrado para nós, um lugar que não havia discriminação de raça, credo ou cor, que não havia ordem, mas nem tão menos autoridade, que pelo contrário, tinha o dom de unir a quem quer que fosse, um lugar, um recinto, onde podíamos rir, chorar, cantar, contar nossas piadas, sermos sinceros ou falastrões, onde podíamos derramar nossas lamúrias, como numa igreja, a igreja dos bêbados, ou se regozijar com papos idealistas ou meros ou futebolísticos, ariscos, ricos, bêbados ou engravatados, chatos, interessantes, velhos e moços, gostosas ou não, maridos traídos, garanhões assumidos, um lugar de pura satisfação e sacanagem escrachada que o carioca tanto gosta, ou para um papo firme, sério, honesto. Ou seja, um verdadeiro santuário de gente de verdade, viva, acesa. Eu cuspo e bebo; eu falo e fumo; eu cuspo e rio. Tudo desordenadamente lindo e permitido, um caos, um fervedouro, uma democracia, regada a muita cerveja e vida vadia, boêmia e não vazia. Um verdadeiro paraíso terrestre ou um colossal inferno-purgatório onde todos são perdoados de tudo, desgarrados de tudo, livre de tudo, nem que seja por alguns minutos. E o prazer que se tem quando se toma uma estupidamente gelada, não é igual em nenhum outro lugar. Só quem freqüenta sabe.
E aquele gole tinha o sabor inenarrável das conversas ímpares que eu tinha com os colegas e não tenho mais e que era a minha salvação e a salvação de todos. Salve o bar! Viva a liberdade!