quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

SONHEI QUE ERA UM PÁSSARO

Sonhei que era um pássaro entre nuvens de fumaças sem fim, jorradas, misturadas, vinda de um hálito jovial e bom que me fez voar na dimensão exata de tudo o que eu queria ser. Abri as asas e pairei sobre a cidade num mar calmo e lisérgico de meu estado inconsciente e tranqüilo dos que enlouquecem de um sonho profundo, que não tem volta e que não me deixava nunca despertar. E como um pássaro veloz, voei até o mais alto dos cumes, e de lá, numa pirueta sensacional, me joguei num vôo rasante invertido de um corpo que cai em queda vertiginosa e sem precedentes, e quando lá embaixo, fiz um loop com minha asa esquerda me projetando mais uma vez para o alto até cansar. Estagnei o vôo do pássaro, permanecendo parado no ar sobre a enseada com seus barcos à vela flutuantes num líquido neon, gloriosos de vento e paz, desses que batem em nossa face pela janela aberta em altíssima velocidade e atroz.
Mas se eu fosse um pássaro de verdade, para onde iria eu, quando o sol de pusesse e não houvesse mais a luz genial do dia?! Sempre quis saber para onde voam os pássaros quando a noite vem, e apavorado com essa incógnita, ambicionei voltar e surtei!
Disseram-me que eu queria o suicídio, tentando a morte do vigésimo quinto andar, onde a galera toda estava reunida, vendo e ouvindo os discos do The Doors, minha banda preferida. Diziam que eu gritava, com os olhos vermelhos, que eu era o Jim! “Eu sou o Jim!” Eu sou o Jim!” e que por isso queria voar, passar para o outro lado. Havia um exemplar molhado de cerveja e outras bebidas a mais do livro “Fernão Capelo Gaivota”, entre as coisas que eram minhas, o que deu margens para suposições. Mas nada disso! Eu apenas estava feliz ao ponto de me sentir livre(para voar?!), romper para uma outra dimensão, sei lá. Morrer é outra estória que eles jamais saberão. Quero dizer que me sentia muito bem e feliz demais para morrer (morrer? Logo eu?!) e que me deixassem em paz pelo menos uma vez na vida.
Era apenas uma viagem, tão somente, como tantas outras, muito embora todos nós saibamos, que muitas delas, muito das vezes, não tem volta...