quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

EU, A LAPA E A MINHA AMADA!

(foto: Thaisa Araújo)

Já era uma hora adiantada, considerando que não temos mais tanto pique assim, mas lá fomos nós, eu e minha amada, de mãos dadas, passear pela Lapa como dantes nós sempre fazíamos. Éramos agora, de uma outra idade, contudo ainda respirávamos iguais, as lembranças de outrora, quando estar na Lapa era estar em casa, quase literalmente falando; agora, não era mais! Diferente de antes, quase ninguém conhecido passava por nós, éramos apenas dois meros passantes pela cidade dos desavisados, parecíamos dois belos fantasmas re-visitando o passado, mas mesmo assim foi bom de mesmo jeito. Não éramos fantasma algum, apenas tínhamos outra idade e nossos amigos talvez ainda fossem os mesmos, só os horários é que não. Não estávamos sós, mas o fato é que ninguém ali nos era conhecido e muito menos, nós a eles. Mas seguimos então, com uma suavidade diferente de anos passados. Assim que soltamos da condução, bem embaixo dos Arcos, nos deparamos com um lugar vazio demais para ser o que pensávamos, a Lapa estava abandonada neste último dia do ano que era 2008, seguimos em frente passando pela fundição e imediatamente pelo Circo (Voador), nem mendigos avistávamos por perto, atravessamos a Mem de Sá e a Riachuelo(uma que sobe outra que desce), e resolvemos dá uma olhadinha na “Joaquim Silva”, a rua mais cobiçada pelos lapeiros de outrora, a mais procurada e (“mal”) freqüentada da zona, quase nenhuma alma viva! Uma nostalgia imediatamente nos invadiu e vimos juntos sem falar, todo aquele burburinho de tempos idos, toda aquela juventude, sadia, ativa que não morava mais ali, ali jazia os nossos mais fecundos momentos. Seguimos firmes de mãos dadas, pela rua mais deserta do mundo, descemos à primeira esquerda e nos deparamos com um amontoado de gente curtindo como antigamente um som ao vivo improvisado na porta de um botequim, o que antes era da rua inteira, passamos lotados, estávamos de volta ao largo, e para o nosso alívio, encontramos por fim, algum vestígio de gente que se descobriam e se revelavam com a noite. Perto da sala Cecília Meirelles, novas casas foram abertas, na verdade bares simples mas muitos espaçosos, com cervejas bem baratas, e pronto, a galera já tinha feito dali o seu novo point. Paramos e nos misturamos à massa, tomamos duas latinhas, olhamos atentos os novos habitantes da área e resolvemos seguir, rumo ao beco do rato, uma ruazinha afastada, mas conhecida de todos, onde rola um sambão dos bons; por ser pequena está sempre lotada e o bar que antes tinha ares de pé sujo, agora calçava outro número, se modernizou, o negócio parece estar dando certo, mas para mim, perdeu um pouco da magia, assim como o resto do bairro, diga-se de passagem, muito embora a Lapa sempre será muito mais forte que qualquer progresso, o seu charme é algo indecifrável, decerto. Voltamos com mais duas latinhas na idéia, passamos pelo Ernesto e por um restaurantezinho português, uma adega na verdade, e que vontade de parar ali para tomar um bom vinho, mas nossas condições financeiras não nos permitiriam, em frente e felizes, continuamos com nossa peregrinação, escadaria do Selaron, bar do Gatão, Arco-íris, lotado como sempre, rua do Lavradio e pronto, as luzes eram outras; inventaram depois dos Arcos, uma outra Lapa, uma espécie de outro lado. Já eram quase duas da manhã e tudo estava ali, presente dentro da noite!
Depois do Arcos em diante a Lapa parece outra, bares e casa de shows requintadas, gente mais bem vestidas, com pose de barão, lugares caros, e do mesmo jeito lotados, muito gringos, mulheres russas e sorridentes, burgueses, mauricinhos, passamos direto, mas antes ousamos entrar numa delas para ir ao banheiro e quase traçar uma pizza, ás quatro latinhas já eram oito, doze talvez, não ficamos, uma pizza a 32 reais não rola, fomos até o fim da Mem de Sá, descobrimos um barzinho bem legal no larguinho, perto do “Manoel e Joaquim” só que do outro lado, bem pequeno, é verdade, mas confortável, com garçonetes bonitas e bom atendimento, logo vagou um mesinha de canto, pedimos mais duas, havia um couvert de 6 reais, que nos expulsou dali, deixei 1 real e achei de bom tamanho, sem stress algum, atravessamos a rua e fomos parar no bar do Juca, mas cheio demais, optamos pelo outro “Juca” em frente ao Arco-íris”, na volta passamos pelo “Mofo”, um novo bar, pelo Capela com seus preços altíssimos, sem falar do Brazzuca e do Odisséia com uma fila enorme àquela hora da madrugada, passamos também pelo Sacrilégio e o Carioca da gema, dois clubes de samba, hiper disputados, dando gente pelo ladrão, na esquina da Lavradio dois bares gigantes e chiques, um em cada lado da calçada, davam nova composição e ares de zona sul às esquinas do bairro Ufa, Chegamos! Sentamos, pedimos um caldo de cabrito, que vem servido dentro de uma broa oca, uma espécie de panela de pão, onde raspamos suas paredes de miolo, enchendo a colher do caldo misturado com a raspa do pão que é uma delícia! Dois chopps pretos pra fechar, por favor e a conta, please!
Essa é a nova Lapa, que mudou de lugar, mas que continua a mesma! Acho que fechamos bem o ano! Eu, a Lapa e a minha amada!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

EU ESTE OUTRO

Quem está na praia agora
Onde antes eu estava
Quem festeja a todo instante
O doce da vida afável
Quem não conhece despedida
E mergulha ainda destemido
No mar profundo da imensidão
Que a vida é
Quem
Que ao invés de mim
Saboreia despreocupado o agora
Como se fosse para sempre
Quem parece ausente
De tanto que é presença
Quem jovial e sem velhice
Ainda se inebria com as peripécias do amor inocente
Quem não espera troco
E ainda arranha um violão
Quem ainda acredita nas canções
E que bem diferente de mim
E bem igual a tudo que eu era antes
Não tem medo da morte
E nem tampouco medo da sorte
E nem fica contando os passos
Quem sou este outra agora
Que eu abraço?!

COMUM COMO UM

Sou um poeta
No pior sentido da palavra
Desastroso, desastrado, inútil, enrolado
Delirante como uma palavra errante
E como disse antes
Num poema distante
Gosto mais de ser letra que pessoa
O que me anula como ambos

Sou um poeta comum
Como um açougueiro é um açougueiro
Como um pescador é um pescador e pronto
E nada mais
Embora estes (entre tantos desiguais)
Com muito mais valia e utilidade

Sou poeta estrangeiro
Cheio de solidão e nenhuma solidez

Sentado sobre os livros
De onde vejo vocês
Sou feliz ao meu modo
No melhor sentido da palavra!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SANTA CATARINA

A vida virou entulho
A chuva limpa sujou tudo
Todas as histórias
Impregnadas de barro, desgraça e nenhum futuro
As lágrimas do céu
Tinham agora gosto de féu
E fim de mundo...

A reconstrução da vida
Levará consigo e para sempre
O gosto da amarga despedida
Casas destruídas, crianças perdidas, felicidades falidas
E a espera ardida
Nos olhos e nas almas
Dos que se foram e dos que ficaram
A imensa dor estendida no varal
Da incerteza
Misturada à trôpega força dos que precisam continuar
Recomeçar por natureza
Reconstruir
Tijolo por tijolo
A re-edificação dos lares abençoados
E de sonhos realizados e amanhãs outrora alcançáveis
Mas que não sabemos mais quando virão
A singela simplicidade da vida simplesmente vivida
Em doce comunhão
(silêncio)...
Tudo estagnou-se, danou-se
Se perdeu
Menos a incalculável dor
De quem sofreu!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PROCURA-SE UMA bANDA - E que assim seja...

PROCURA-SE UMA bANDA
E QUE ASSIM SEJA...

Procuro gente que ainda respire, pois o meu ar está acabando, pessoas que gostem de cultura, mas principalmente de música e basicamente o rock, com a tendência punk, mas com contrapesos intelectuais. Que goste de Sex Pistols , mas entenda o jazz e o blues, que aprecie Caetano e Chico Buarque de Holanda, que amem literatura e saibam bem diferenciar o rock duro do rock estúpido. Que desejem levar a sério uma banda como o ápice do desenvolvimento e da desenvoltura e que a tenha como um canal e o ápice de sua expressão máxima para gritar e mostrar sua ótica sobre o mundo e as coisas que o cerca. Que não seja fútil, que não esteja aquém das expectativas do público, que ao menos não menospreze a política, que ao contrário, sugue dela todo o fervor e compaixão que irá servir de base para o nosso trabalho. Quero uma banda pungente, interligada com o mundo, transparente com seus conceitos e jamais frágil em suas intenções, que saiba diferenciar o astuto marketing do fajuto comércio, de lucros fatigantes. Que a música e a arte estejam sempre à frente e penetrante em seus sonhos, que não se venda por nada, que esqueça os lucros, que estejam prontos para o embate ao ponto de perder tudo, e ainda assim, seguir em frente, com o prazer, só comparável a uma transa! Quero a mistura de tudo com a força de uma centrífuga que separará o joio do trigo, que para isso haja bastante literatura em abundância no universo paralelo desse mundo estéril, que a poesia seja magistral, mesma que marginal, mesmo que em letra aparentemente simples e que meus novos companheiros sejam acima de tudo um “estrangeiro”! Nada de estrelismos, nada de ambição, apenas o êxtase de ser, de estar presente, de mergulhar no obscuro, de ser bom, de ser honesto, de ser íntegro sem nunca ser pedante ou cínico ao ponto de se achar melhor do que qualquer outro. Apenas seremos nós! Concentrados, unificados, pulsantes, vibrantes, sempre querendo mais, dentro do que descobriremos que podemos ser. Se você tem fé, força e coragem e acima de tudo atitude, seja bem-vindo! Seja bem-vindo junto com o Joy Division! Seja bem-vindo Sex Pistols, seja bem-vindo...Legião Urbana, Renato Russo, Cazuza, Arnaldo Antunes, seja bem-vindo...Led Zeppelin, seja bem-vindo...Nirvana, seja bem-vindo...Pearl Jam, seja bem-vindo...Jimi Hendrix, seja-bem-vinda...Madonna, seja bem-vindo...Habitantes, Móbile Drink, Real Sociedade, o Soma, seja bem-vindo...todo o movimento que se desenvolva, toda a cultura, seja bem-vinda, seja bem-vindo todo o underground, toda a literatura e todo o cinema do mundo, os grandes filmes, os grandes autores, os clássicos, toda a Arte, os grandes escritores e poetas, Sejam bem-vindos...Machado de Assis, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Saramago, Gorki, Bakunin, Lenine, Joe Goud, Fellini, Godard, Rimbaud, Drummond, Glauber, Oscar Wild, Bukowinsk, Jonh Fante, Nietzsche, Rousseau, Lao Tse, Darvin, Goethe, Bertold Brecht, Caetano, Chico, Djavan, Os Mutantes! Raul, Titãs, Tim Maia, Jesus Cristo, Bob Dylan, seja bem-vindo outros tempos...passado, futuro, seja bem-vindo...o novo, o velho, o bom e o eterno e infalível Rock´n´roll!
E que assim seja...

ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA

Tsunami de lama, catástrofe total, um pandemônio de acontecimentos atrozes catastróficos, mortes, desaparecimentos, deslizamentos. Ruas totalmente fadadas, vidas ceifadas pelo inesperado, ruas alagadas, carros e pessoas arrastados pelas ruas, feito Judas sem perdão, soterradas pelas enchentes, doenças contagiosas, rodovias interditadas, corte de energia, escuridão, estado de calamidade pública.Blumenau, Santa Catarina, uma imagem ao vivo, mórbida, uma encosta vindo abaixo, despencando sobre as casas, destruindo o concreto da vida real, famílias, filhos, parentes, amigos. Tudo muito triste, muito, muito triste!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

PAIS & FILHOS

Eu também gostaria de chegar do trabalho e ter a casa só para mim! Nenhuma bagunça, nenhuma divisão, a solidão requintada dos que têm a vida deliciosamente só sua. Televisão, computador, aparelho de som e DVD, todos exclusivos me aguardando no silêncio harmonioso do lar, doce lar.
Mas nada é assim. Chego cansado de mais um dia de trabalho duro, jornada infindável da vida, pensando simplesmente em afrouxar os cadarços do sapato, tomar aquele merecido banho, gelado ou quente, e me espreguiçar de frente para a TV, assistir o jornal, saber das últimas notícias, mas quando abro a porta, garantido de tudo que acontece em meu doce imaginário, tenho que retroceder e entender que não moro mais sozinho, que há crianças no jardim da minha nova realidade, crianças correndo contra elas mesmas, para ver quem chega primeiro ao computador, crianças crescendo para todos os lados, ganhando espaço, ganhando corpo, peso e personalidade, descobrindo novos e outros comportamentos, ocupando cada vez mais as nossas vidas outrora tão pacatas, tomando tudo pra si, por direito e diversão, como um dia foi comigo também. E não são raras as vezes que elas estão de mau humor, discutindo direitos inevitavelmente egoístas, querendo ser os únicos em tudo, demarcando território.
A televisão está ligada num canal absurdamente alto, porque um deles está na cozinha o outro no quintal, e ai de mim se me atrever a diminuir o volume; ou então estão com o computador ligado baixando músicas ou trocando mensagens pelo MSN ou Orkut. Abro a geladeira, nenhuma fatia de queijo ou presunto, o requeijão também não existe mais, a casa está um pandemônio só e nenhum cordial “boa noite, estranho” ou um sorriso que seja, sobra para mim! Eles simplesmente me ignoram, natural que estejam totalmente ligados e vibrantes com suas coisas e seu mundo ao ponto de não perceber mais nada ao redor, seja por descaso ou mesmo mau humor. Mas natural também que eu sinta um pouco da falta de atenção deles.
Só me resta então, o banheiro. É isso, o banheiro, pelo menos lá vou poder acabar de ler o meu jornalzinho. “Papai, não entra agora que está ocupado! A minha colega do colégio está aqui!” – “Que maravilha, filha!”. O stress controlado em doses homeopáticas quando ainda ouço a mulher que reclama da cozinha, que não parou um minuto, e que pelo jeito, não vai me dar atenção de noite na cama nem tampouco agora. Estamos muito cansados, exaustos, e ela dormirá feito uma pedra sem emoção, assim que a vida permitir e comigo não será diferente, não deverá mesmo ser diferente.
De madrugada acordo para ir ao banheiro, feito um bêbado, ressecado, trôpego, passo pelos quartos das crianças, examino rapidamente com os olhos, cada detalhe na penumbra e sinto-me de repente abençoado por tê-las ali à salvas do mundo, protegidas por nós, sua família. Agradeço a Deus pela benção e um sorriso nasce de soslaio num dos lado da minha boca. Não existe mais ressaca nem mais nada, apenas o amor sobre todas as coisas e sobre elas, é claro, tão frágeis e tão serenas, anjinhos que me abençoam. Congelei a cena em minha mente e sai.
Enquanto bebo o meu copo d’água, penso na hora em que cheguei em casa e sequer fui notado. O Amor deles é o meu próprio amor, refletido em suas vidas tão desorganizadas ainda e tão desorganizadamente acesas e amadas ao infinito por mim e por sua mãe. Volto para cama e abraço minha esposa, com a leveza de um espírito e adormeço em paz.


P.S. Os discos, os livros, os filmes, programas de computação, roupas, dinheiro e lugares, a casa, o nosso coração, tudo pertence a eles, tudo é deles. E a nossa compreensão dos fatos e dessa realidade, representa tão somente a harmonia e o amor que nos une e nos fortalece.
Eles não sabem, ainda, mas o sacrifício que fazem os pais em nome do conforto dos filhos, é que lhes servirão de guia e referência, para o resto de suas vidas, a menos que eles não nos puxem, nos obrigando a seguir um pouco mais ainda com a preocupação, que nos é inerente, peculiar e eterna.
Coisa que eles talvez também não saibam, mas que com certeza, aprenderão um dia, é que os pais nunca abandonam os seus filhos! Nunca!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ANTÔNIO


Quem o encontra, uma única vez na vida, jamais o esquece. Antônio é pérola rara, negra, cintilante, brilhante como o sol, um amigo sem igual, unanimidade entre todos. Um homem transparente, de sorriso franco e gestos límpidos. Fotógrafo de mão cheia, mesmo com apenas três dedos em cada uma delas, herança genética, que ao contrário do que poderia ser, o faz mais especial ainda! Antônio é porto seguro de amizade, simpatia, honestidade, retidão, cultura e nobreza. Um verdadeiro amigo, na acepção da palavra, um ser magistral de tão simples e generoso, de não querer divulgação das coisas que naturalmente faz, não é dado à auto- promoção, elogio é coisa que amigos não tem permissão para fazê-lo, apesar de toda explícita admiração!
De pensamento sempre vivo, opiniões seguras e serenas, seus conselhos, despidos de qualquer vaidade, cativa em qualquer um, o espírito da comunhão.
Sua presença é companhia boa, boníssima, um dia de sol permanente. Generoso e justo, duro quando preciso, jamais esquece ou abandona alguém, leal e bondoso, forte, sensível, acessível até para estranhos, Antônio Terra é terra firme, um anjo de barbas de rei, um jeito monárquico-bonachão que só reafirma a sua discrição. Sua voz grave, clara e empostada assegura-lhe todos os ouvidos que o cerca.
Posso dizer que somos abençoados com a sua existência e amizade. Antônio Terra é uma dádiva, deveras!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

SEM GABEIRA "NEM" EIRA

Mas qual o político
Em sua sã consciência
Poderia querer
Ou pelo menos pensar
Em continuar com suas promessas e seus planos
Para a cidade
Depois da inesperada derrota
Pois qual político merecedor entre nós
Poderia regozijar-se da eventual desventura
E seguir em frente com o futuro firme em pauta
Cair com tal elegância e desprendimento
Sobre o solo sem amanhã
E mesmo assim ainda
Pintar um arco-íris
De decência e tanta boa vontade
Da qual não estamos acostumados
Seguir de toda forma com o bem
Que nessas horas
Tem uma face e depois outra
E qual o povo poderia desperdiçar tal alquimia e eloqüência
de poder?
Se há muito que convivemos amortizados
Pela deselegância e pela podridão
Dos gestos mais inclassificáveis possíveis
Em nome de um poder inglório sem ideologia alguma
Apenas almejado como instrumento de auto-promoção
Dentro de uma política que não é mais política
Dentro de algo que já não é mais coisa alguma
Qual deles ainda, mesmo na derrota
Poderia nos honrar com uma magnânima desenvoltura
Que só a um príncipe caberia ?!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

AROMA E DESENCANTO

Por que nos tornamos duros demais?
Por que será que com o tempo
Os tormentos são mais freqüentes
E nossas responsabilidades não nos deixa descansar?
Por que não podemos conservar
O descontraído e afável sorriso
Da criança que um dia fomos?
O por que de tantos por quês ainda
Sem conforto ou sem respostas?
Por que perdemos o paladar doce da vida?
Por que não gostamos mais tanto de doces
E o amor perdeu um tanto o quanto do seu aroma e encanto?
Será que é porque vamos nos aproximando da morte
Destino de todos nós?
Será que o espírito sente um pouco o baque
do envelhecimento do corpo?
Por que nos custa tanto conservar
O espírito altivo e predominantemente alegre
Como poucos?
Será que já viu demais as mazelas da vida e do físico do corpo?
E sente mais que nós e mais que imaginamos?
Será que o nosso egoísmo e o egoísmo do mundo
Asfixia a essência da alma?
Será que somos nós
Os fungos desse mundo
Sem calma...?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MAIS DO QUE NUNCA O MEU VOTO É DO GABEIRA!

“E eu começo achar normal que algum boçal jogue bombas na embaixada!”

É muito preocupante ganharmos um feriado, numa segunda-feira, depois de um domingo de eleição!!! Um feriado decretado pelo governador que apóia um dos candidatos, aliado, que por sua vez corre o risco de perder a eleição.
Mais uma vez, o povo pagará o pato, pois eis que já é ludibriado e usado, justamente onde é mais frágil, na sua ignorância política. Infelizmente, somos um povo que prefere a praia, a viagem, o futebol, do que a política. Esquecemos que é por conta da nossa omissão, que tanto sofremos de fato, com escolhas pífias de candidatos amparados pela máquina inimiga, que são tão bem assessorados na mídia, quanto bem articulados na voz, discursos ensaiados, que sempre, supostamente, têm todas as respostas na ponta da língua, para todos os problemas da cidade, que não sei como tal candidato, ainda não foi indicado para salvar o Brasil, tamanha a sua esperteza!!!
Já estamos tão calejados com esses tipos de políticos que o que nos sobra e o que nos é mais inteligente, será escolher o nosso candidato pelo seu passado, não pelo seu presente, cheio, repleto de promessas, quase sempre tão vazias de tanto que são eficientes na construção do futuro e a gente nunca aprende, tão sinceras promessas, tão sinceras quanto política! Urghhh...
Apelar para esse tipo de estratégia (usar o seu poder de governador para decretar um feriado bastardo em prol do seu candidato!) é prova irrefutável da vileza e do desespero daqueles que fazem uma força brutal para se mostrar digno e à altura do cargo que tanto almeja, babando pelo nosso voto. Que mais serão capazes de fazer contra o povo que diz está preparado para cuidar e amar?! O que essa gente é capaz de fazer para chegar ao poder!!! Dessa vez extrapolaram! Acorda meu povo!
Eles jogam sujo mesmo, toda vez, todo sempre e de novo!

Se dessa vez escolhermos o candidato pelo seu passado, pelo seu caráter e o que já conhecemos dele, e não pelas suas promessas (de sempre), espero que de nada adiante fazê-las agora ou posar de bom moço! Ninguém nos enganará de novo! Basta dizer, essa não é hora para prometer. E o que dizer dos outros candidatos que execravam este, e que agora o apóia descaradamente?! Ah, irão dizer, mas isto é política! Não concordo, isso para mim cheira a cinismo e mau caráter dos brabos! Vocês são tudo uma corja só! Não valem nada, nada mesmo, muito menos o meu voto!

PAIS & FILHOS


Muitos não percebem, mas as raízes que temos hoje, é fruto de pequenas coisas que a despeito da infância, não se dá o devido valor, os pequenos vacilos de valores que o tempo ao invés de apagar, cuida de fixar no inconsciente adolescente que cresce em silêncio e em segredo, no íntimo guardado mesmo de nós que o vivemos, uma semente que não sabemos ao certo o que é nem no que vai resultar.
Mais tarde, distúrbios de comportamento aflorarão, sem motivo aparente algum. Já será a personalidade do jovem que sofreu influências negativas no passado, agindo por si, sem que ninguém entenda ao certo de onde nem porque ele hoje desagrada as ansiosas expectativas dos pais. Tudo porque são as pequenas coisas que valem mais e nós não damos valor, porém e por isso mesmo, não se percebe na piada preconceituosa, racista e sem graça, contada com requintes de cinismo e leviandade, como se fosse a coisa mais normal do mundo, na frente da criança que custa a entender, mas que absorve fria e tranqüila, a hipocrisia do pai, que ri em histeria, achando tratar-se de uma mera piadinha inofensiva, na verdade uma brincadeira de mal gosto. Só que ele não sabe que a brincadeira de mal gosto também irá atingir ao seu próprio filho, uma criança, muito mais atenta que os pais pensam, que por sua vez, irá revidar a ação, em reações futuras e tristemente vazias, perigosas e precoces, levando consigo para o resto da vida, o mal exemplo colhido dentro de sua própria casa, pois se espelhando no pai, o seu incontestável herói, não poderá entender que mal há em tão inocente descontração.
Comentários maldosos e fora de contexto sobre este ou aquela pessoa pobre ou de cor, ou até mesmo branco ou rico, mas sempre inferior à sua discreta arrogância, ensinos equivocados sobre verdades e mentiras, honestidades e espertezas, colocaram em xeque o futuro do menino e dos homens.
Ninguém gosta de ver seus filhos sofrendo e muitas vezes, acabam pagando um preço muito alto pela má educação dispensada a eles, porque não souberam explicar ao próprio filho a diferença entre homens de bem e homens espertos, que há lágrimas de tristezas, mas também de alegria e que fazer o bem é a maior das virtudes, mesmo que por vezes não possamos levar vantagem pela ação; que há a derrota e as conquistas, que tudo ensina, que devemos aprender com o simples e com a humildade dos mais simples ao invés de sermos soberbos e pegarmos a vida do patrão como meta a ser atingida, a qualquer custo.
Mas ao contrário de tudo, são os próprios pais que avançam na contra mão da ansiedade e proliferam o ardil conceito sobre a vida degradada que hoje a sociedade vive, a despeito de conceitos e valores predeterminados. Ele não está preocupado em salvar nada, nem o sua própria cria, mas fazê-lo forte e destemido para o combate.
E o capitalismo, semente de todo o mal, regerá suas vidas inteiras, em detrimento ao que de fato nos eleva e amadurece. Se vangloriarão e agirão com toda a força, boa ou má, que têm, pela vitória do filho que massacrou o ‘amigo’ no colégio, no futebol, na vizinhança. Desta forma, assim, provável que não atente nunca para o desastre que cria.
Era para regozijarmo-nos de alguma forma e sermos gratos, com o aprendizado que ocasionais derrotas e a própria vida em si, nos proporciona, mas não, antes, abominamos imediatos e veementes tudo o que não nos envaidece, enaltece e ilusoriamente nos enriquecem.
Nossos descuidados e pobres espíritos é que fazem a festa!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O TEMPO DA ESPERANÇA MORTA !

Bate à sua porta o tempo da esperança morta!


Estamos vivendo tempos tão degradantes, que já passamos tarde da consciência de saber e por em prática, a abnegação da ajuda ao outro. Não tem mais efeito a consciência da abnegação aos mais necessitados. Estamos todos, de uma forma ou de outra, mais ou menos, a mesma condição. Chegou a hora de ajudar, ajudar, ajudar, incondicionalmente, ajudar tão somente...ajudar. não temos mais tempo ou esperança de ajeitar mais nada. O tempo da política malograda é o pior tempo de se viver, o tempo da esperança morta, onde os políticos que deveriam à princípio, estar preocupado com o povo, claramente luta por seus próprios interesses de sobrevivência e bem estar. Temos agora um tempo de sobrevida, cada qual vivendo por si e para si, mofados de tanto enfado de dores e decepções para com o seu semelhante. A compaixão está trôpega e triste, pior, não mais existe. Não há mais perdão nem caridade. O homem não acredita mais na vida, o homem não acredita mais no próprio homem.
O pobre coitado que pede nos sinais, não é mais um pobre coitado que esmola nos sinais, é um vagabundo. A dignidade, tanto de quem pede quanto a de quem dá, está perdida. A criança abandonada nas ruas, sem pai ou mãe, é apenas um pobre coitado. A mãe que dorme imunda na calçada não passa de uma desgraçada preguiçosa. No entanto, todos sabem, que as oportunidades não chegam para todos e que as injustiças é o prato do dia, de todos os dias. Tudo está pela hora da morte e por um fio, tanto o homem, quanto a vida e o próprio amor, o que se configura uma indecência humana.


A CRISE MUNDIAL DO CORAÇÃO DOS HOMENS


Só agora, depois da recessão econômica mundial, é que entendemos a crise em que estamos e nos preocupamos com o futuro, no entanto, uma crise muito maior e mais importante e que ninguém dá mais valor, já nos assola há tempos e por conta dela nos perdemos de nós mesmos e de Deus. Chamo a tenção para a crise humanista. Fomos todos envolvidos e ludibriados pela ascensão do homem a um poder que só o ilegítima como ser humano. No tempo do olho duro, do coração duro, do pão duro, do olho por olho e do dente por dente, quando o coração dói, sempre dá-se um jeito, mas quando dói no bolso...é o fim do mundo, um deus nos acuda!

Falavam da vinda de um anti-cristo para caracterizar por fim, o fim de todos os tempos, e que todos esquecem, mas acho bem, que o esquecimento já bem fazia parte desse script profético, mais ainda, acho também, que este já está entre nós...e atende pelo nome de mercado financeiro, vulgo, o “Dinheiro”! O que você faria por ele?! Você mataria por ele?! Você não consegue mais viver sem ele?! Você já dá mais valor a ele do que a um amigo?! Sinto avisá-lo, mas você já serve ao anti-cristo!

Se não você, quantos já não estão entregues sem saber!

(Que a piedade de Deus seja a ordem do dia!)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

GENTILEZA GERA GENTILEZA x VIOLÊNCIA GERA VIOLÊNCIA !

Definitivamente eu não entendo a cabeça de determinados torcedores. O que pode fazer alguém pensar que tem o poder de machucar o outro impunemente? Ou pior, o que vai na cabeça desses jovens amargos para eles estarem convencidos de que um mero torcedor do outro time, que não o seu, possa ser um inimigo em potencial, ao ponto de querer matá-lo?! É uma complexidade vazia demais para se compreender simplesmente. É preciso mais que simples discernimento, é preciso sangue frio!

Como pode uma simples opção de torcida poder me condenar à morte?! Como uma simples camiseta vai decretar que somos inimigos mortais?! Definitivamente, por mais que eu tente, não consigo entender. Jovens espancados covardemente por outros em gangs que se dizem torcedores de times rivais sob a bandeira da defesa da honra destes. Mas e daí?! Que mal há em torcer, seja lá para que time for? Você escolheu o time “X” e eu o time “Y”.

Pessoas de bem, torcedores comuns sendo envolvidos numa tramóia transvestida de torcida organizada que de organizada não tem nada! Jovens e pais de família sendo alvo, vítimas de um ódio quase generalizado, que só encontramos precedentes nos capítulos negros da história do ódio racial da época de Hittler. E não é mais satisfatório apenas bater ou apanhar, é preciso matar! A juventude tem sede de sangue! Mas que juventude é esta que sem ideologia alguma mata ou morre em nome de facções que não cabem nem nunca caberá no que nasceu para ser sadio e saudado e que damos o nome de esporte!

Como pode pessoas “saudáveis” se “organizar” em torno de um objetivo sangrento, que põe em risco, não só a vida de terceiros, como as suas próprias?! Ir ao estádio armado?!!!! Pra quê?! Não vejo sentido! Ficamos então, todos inseguros, com um medo contido até ninguém mais confiar em ninguém, e a discórdia e a desconfiança se instaurar e o perigo ser sempre iminente.
O por que dessa forma?! Isto é antes de tudo, uma burrice! Podemos ser veementes, pode-se até ser ‘truculento’ na forma de torcer, até aqui, muito embora exagerada, é a nossa torcida, o modo como cada um torce, desde que jamais e em hipótese alguma se encoste um dedo sequer no seu oponente, quero dizer, no outro torcedor, ser humano igual a você. É o direito do outro que é seu também e que deve ser preservado, mas isso é muito para cabeças tão ocas quanto a de desses seres infelizes!
Que tipo de ódio (como se houvesse categoria para a maldade) sente o covarde que junto com outros, espanca uma minoria ou um outro qualquer sozinho que se defende em vão de cinco ou seis ou mais, que faz continuar o ato bárbaro, execrável, criminoso e desumano até a morte sem que a ânsia animalesca possa cessar.

Isto não é torcer; vocês não são torcedores. Isto é comportamento de maus elementos, de assassinos de gangues. Não tem nada a ver este tipo de comportamento execrável com o que vocês pensam ser honra ou defesa das cores do clube que vocês dizem que amam. Aliás, o clube não tem nada a ver com isso, muito menos o amor!

Então, na verdade, vocês agem sozinhos porque vocês são sozinhos num bando que não merecia sequer existir!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

MÁXIMA AMARGURA


Vamos mostrar para eles que eles não passam de um bando de cachorrinhos adestrados correndo atrás do próprio rabo. Que a vida é muito mais que isso, de ficar a vida inteira correndo atrás de riquezas que a própria vida não faria questão se a questão fosse outra, mas mesmo sendo essa a questão, não há razão para não sermos digno dela. Vamos avante e deixe esses seres moribundos e amorfos para bem distantes de nós.
Depois você vê que tudo era mesmo uma questão de aplicação naquilo que você realmente acreditava.
Eles querem a sua disciplina aplicada PARA ELES, naquilo que eles acham que é certo PARA ELES, e você deixou de aplicá-las para nós, mas então o que você pensa, onde fica o que você pensa e o que você é? Será que você pensa que pensa? Será que você não é o que você pensa que é? Onde você existe para eles e para você mesmo? O que resta realmente?! A sua determinação só é creditada na escala de valores se atender aos valores deles. Seja um homem razoável e entenda o mecanismo do sistema, não é nada pessoal, nunca é pessoal porque nunca será humano, seja um homem respeitável e ganhe muito dinheiro e pronto, deite a noite na cama com sua dama e se orgulhe de tudo que você conquistou, se deleite por tudo que você tem não pelo o que você é! Mais tarde reúna-se com os porcos e conte tudo o que você fez para mais tarde desfilar com sua putona que você mesmo construiu. Eles adoram isto, riram com você o riso idiota e lhe chamarão para uma tramóia que eles batizam de amizade, vá ao encontro deles e verás o quanto são amargos, mas você não acredita e só se debilita e espera por um tempo que você não tem, sempre será muito tarde para o que realmente lhe convém e você não entende por começa a ganhar um inimigo atrás do outro, pessoas irreais, falsas e infalsas, o seu novo ciclo de amizades sangrentas, será que você agüenta? Realmente feroz é o tempo que você não mais tem, você precisa ganhar dinheiro, mas antes do dinheiro a morte vem primeiro e os sonhos que já foram há muito, te esperam no túmulo para por fim te fazer feliz. Aos olhos deles você não passa de um pobre coitado que já chegou há muito atrasado para aquilo que eles lhes venderam e você aceitou. Você pagou um preço muito alto pelo seu amor próprio amor e agora você quer ofertá-lo a alguém que você diz que ama, mas não ama, pois está tudo estragado, podre, identificável, da forma que eles sempre quiseram e fizeram à sua vontade e revelia, para você jamais vencer.
Enquanto eles fumam seus charutos caros e fajutos, sua vida está de luto de você mesmo, e nem no seu enterro você os verão por lá!
Sinto muito meu amigo, os negócios não podem parar.
Eu só queria, e tanto, era apenas lhe ver feliz!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

SAIBA TU, PESSOA TOLA, O QUANTO A VIDA É BOA !







Saiba disso, ó ser pedante, que bem distante da tua arrogância, do teu descaso e cinismo, do teu egoísmo e do teu cansaço, existe um outro lado, encantado talvez, momentos que de fato valem uma canção, mas você também não acredita em canções, não é mesmo?! ou na força que estas têm, tudo bem, mas saiba também, ó pessoa comum, que além de ti, existem outras pessoas bem mais e extremamente até, mais interessantes que você, pessoas sorridentes e de uma astúcia para o bem que você não irá acreditar, de aura boa, boníssima, vibrante, que irradia raios de luzes freqüentes e permanentes, mas só quem é bom também pode captar e entender; pessoas com energia positiva, bem diferente dessa coisa que você tem e sente e não sabe, pessoas que ardem como o sol numa noite estrelada, sadios na essência feito a vida em si e em segredo, que o tempo todo, independente da raça, cor, credo, religião ou posição social, pulsam indiferentes. Existem também, saiba tu, pessoa sem cor, lugares inimagináveis, lugares bem distintos dos que você está acostumado a ir e muitas vezes abomina. Existem sim, lugares e pessoas tão leves quanto um sonho, que valem a pena conhecer e guardar, pessoas transparentes, não contaminadas, apesar de tudo e da atmosfera que hoje o mundo tem, de pessoas como você, tão feliz e stressada, tentando justificar a força dispensada por teus flácidos músculos cansados e inúteis e a sua cara ranzinza, o tempo todo preocupada e feia.
Saiba então, pessoa feia, que a vida é muito mais do que você pensa, que maravilhas e milagres sempre são eminentes e que acontecem a todo instante, bem à sua frente e você nem nota. Olha a liberdade daquela garota que vai ali, da asa delta que plana e desliza do céu, tem um homem igualzinho a você lá em cima, voando feito um pássaro, acreditas nisso?! Há pessoas bem próximas a ti que vivem na transcendência dos dias férteis e áridos, felizes com o que tem, sem necessidades pelo mais, com bem menos riqueza que você pensa que tem, com uma cordialidade dos anjos, numa calmaria transcendente que não cessa jamais, sabe por que? Porque a energia que emanam se renova toda vez que é usada e esta é usada sempre, eles não abrem mão de fazer o bem e degustar sua sabedoria e valor concebida pelo poder de seus próprios espíritos, por isso voam, por isso sorriem, por isso são especiais.



PARTE II


Saiba você pessoa feia, que mesmo feio ainda podes ser bonito. Ser adorável é a forma de beleza mais amável que existe. Pense por exemplo num surfista; desprezível a sua vida? A sua é mais! Observe a sua saúde mental, o seu vigor, a disposição para a vida que essa gente tem. Pode pensar também nas pessoas livres de verdade e há tantos assim, ó, relax com a vida, respeitando seus valores, felizes em overdose. Tem também os músicos, os artistas e até os “durangos kids” que de alguma forma continuam vivos, obviamente sem o seu conforto, mas isso também é relativo, desde o momento que eles não se preocupam com isso e não sentem falta, que conseguem transcender a tudo isso, o que vale tudo isto que você tem para eles, então?! A sua liberdade é mais, a sua vida é mais, não é subtraída, eles não pagam o preço que você paga para ser aceito dentro da sua cabeça, dentro da sociedade. Você ganha muito dinheiro e paga com o seu tempo o desperdício da vida. O ideal talvez fosse poder conciliar os dois lados, mas dificilmente isso se dará. Esse seu tempo valioso é curto demais para dividi-lo com algo que superficialmente não lhe trará lucro nenhum. Você precisará acumular riquezas imediatas, de preferência, caso o futuro, agente de suas fraquezas, venha lhe pregar algum susto, uma doença, que você ainda não tem ou uma eventual queda dos seus rendimentos, você já é um doente, rapaz e um medroso também. Você não consegue relaxar e quando se aventurar a isso, não obterá sucesso. Sua cabeça, corpo e mente já estão condicionados que você não consegue mais parar. Você está condenado à morbidez de seus próprios atos, ações e fantasmas. Você não conseguirá nem curtir na essência, o que o teu dinheiro poderia te proporcionar, caso você fosse outro. Sabe por quê? Porque você sempre quer mais e mais, porque você pode mais que todo mundo e vai deturpar conceitos básicos de sentimentos e convivência. Você terá, por exemplo, dificuldade em lidar com a humildade (você é o tal!), com a simplicidade dos outros, com o amor. Paciência, bom humor, tranquilidade, não faz parte do seu casting de ação e tudo se tornará obsoleto e descartável para você, inclusive as pessoas – você não precisa de ninguém – até conhecer a verdadeira solidão que trama com a tua arrogância, o seu fim mais deplorável para um ser humano que você não consegue mais ser.





PARTE III

Mas se você pensar, pessoa tola, em quantas pessoas estão neste momento desfrutando de uma praia, quantos seres se encontrando neste instante, despidos de preconceitos, felizes por isso, outras tantas bebendo mais tarde, tranqüilas, a noite que te confina, na alegria de uma aventura regada a novas descobertas, sexo, imaginação e liberdade. Tudo isso talvez possa em ti, provocar calafrios de realidades sublimes, ou um choque esta tal constatação. Mas saiba de uma vez por toda, pessoa má, que a vida é repleta de gente assim, mais feliz que você, que eu, apesar do seu dinheiro, que há vida pulsando onde você ignora e que se você pensar que todo o tempo que você dispensa, não vale o por de sol que você nem mais lembra, (quando foi que o seu último mergulho numa praia qualquer sem preocupação alguma?) talvez possa entender o sentido das coisa e da vida que você esquece todos os dias. Que o teu ar condicionado, nem o teu carro, não valem o caminho da mata e das trilhas que os jovens percorrem sem futuro, que as regras sagradas para você, não vale o chute no balde dos riscos e perigos que muitas vezes a gente corre e se livra de alguma coisa invisível que não nos deixa crescer, que o teu champagne não vale a cachaça no balcão mais imundo onde a turma celebra a vida e canta suas canções. Talvez um dia você possa entender o que eu tento te dizer, porque nem mesmo eu sou um deles!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A REVOLUÇÃO DOS JOVENS !


Por que não temos hoje, pessoas que se interessem por produção e que tenham uma visão empresarial com as bandas daqui?! Lá fora isso é a coisa mais normal do mundo, pessoas envolvidas com a cena, honesta com a causa, contribuindo para o culto e para o futuro, acreditando na cultura da música como formadora de opiniões e de cabeças pensantes dentro de uma juventude que não pode ser muito diferente de nenhuma outra. Lá eles tratam os artistas como verdadeiros agentes da cultura que vai formar e estabelecer um elo entre os jovens e suas perspectivas de vida e da conduta do indivíduo em si, que vai fomentá-lo a ser político e mais criterioso com suas escolhas, essas atitudes que fecundam nessa idade, levando à sério o trabalho das bandas que estão na labuta, tentando levar a arte para as pessoas. Lá onde eles acreditam na Arte, as pessoas são mais felizes e mais antenadas com o mundo, criam uma cultura que dignifica a mocidade, ganham respeito e interagem melhor com a sociedade, criam identidade. Precisávamos de gente que fizessem este papel, pessoas específicas, não os próprios músicos, mas pessoas com outra visão e acima de tudo com seriedade e boa intenção, que conseguissem fazer a coisa andar, sem ser mais um capacho da roda capital que sempre emperra o bom funcionamento das coisas. Precisávamos de criar uma contra cultura urgente e emergente, com cabeças pensantes e homens de atitudes, que nos trouxessem boas novas, e não repetir fórmulas ultrapassadas e cansadas que capengam no terceiro dia e não voltam mais. Outros tipos de artistas, gente comprometida com o passado, que entendam a cena e saiba o que é esta significa, que fomentem em todos nós, a verdadeira cultura ativa e insaciável que brotaria todos os dias no coração da massa juvenil; empresários que sejam, mas honestos com a cena e sem as panelas de sempre, apenas humanos que sua na labuta e não capitalistas demais para não enxergar um palmo à sua frente para o que de fato importa, apenas profissionais, por mais amadores que possam parecer, gente nova, com criatividade, limpas do esquemão, que caguem para tudo que está aí, que tenham fé, força e coragem para recomeçar apenas.
Que este movimento seja lento, mas não vagaroso, que seja consistente e forte, que traga de volta a vontade nos corações dos jovens, através de bandas que tenham o que dizer ou mostrar, que a cultura dos zines e das camisetas possam voltar, para incutir por uma outra mão, uma consciência maior na mente da nova geração, salvá-los da mesmice que impera em seu tempo sem novidades, fazê-los saborear a promessa de uma nova ordem, quem sabe assim não nasça também daí novas bandas com estruturas mais interessantes e vigorosas, com influências mais instigantes que estas de agora, aliás os jovens de agora são as maiores vítimas desse esquema malogrado de mídia apavorante que dominou nosso país e nossas ideologias e sonhos, que agora mofam tranqüilos nos dias que são todos iguais e não reagem nunca. Como podem saber de suas condições pacíficas e submissas, se estão catequizados de fato, pelo fascismo que atende pelo nome de normalidade e cinismo por parte daqueles que detém o poder e que não se preocupam a mínima conosco. Portanto se nós não fizermos por nós, ninguém de fato o fará. Façamos então os nossos próprios vídeos, nossos filmes, nossas camisetas e posters, leiamos mais, vejamos mais filmes sobre musica, ataquemos essas horas que nos sufocam. Você que não sabe tocar, mas que ama a música como nós, você que é tímido e jamais subiria num palco mas conhece do que estou falando, nós precisamos de vocês, apareçam, contribuam com a causa, talvez seja a hora de formamos uma nova Factory ou simplesmente fazermos por nós, cada um a sua maneira, mas agirmos de uma vez por todas, não como banda, mas como empreendedores, pelo futuro das nossas crianças e pelo presente tão ausente da gente: Uni-vos, homens do rock! Salvai nossas almas dessa baboseira pestilenta que insiste em dominar a cena e não deixar que nada evolua para o lado do bem. Reagi homens de boa vontade, nunca é muito tempo, mas também nunca é muito tarde. Comecemos agora com a REVOLUÇÃO! Cometamos este ato! AGORA! Cada um em sua casa, em sua sala, em seu ok computer! Do seu jeito, mesmo que em segredo, olhemos para o horizonte, para frente e avante!!!

domingo, 12 de outubro de 2008

EU NÃO TENHO MAIS SONHO NENHUM

Eu não tenho mais sonho nenhum
Eu não sonho mais
Com borboletas
Com sobremesas
Com sininhos

Não sonho mais sonhos mais sonhos maluquinhos
Sou eu maluco
Sou eu um anjo louco ou eu um louco eunuco?
Nem pesadelos
Nem não sei lá o que algum
Eu não tenho mais sonho nenhum
Nem que serei rico
Nem que serei rei
Ou pop star
Nem com dias de chuvas
Nem palhacinhos descendo do céu numa chuva cristalina
Nem com a água que inunde a cidade inteira
Nem com transatlântico num oceano de sonhos que tinha
Nem com o mar grego
Nem com eu perfeito
Para ser o que o sonho nos permite ser
Nem com a morte nem com os mortos
Eu não sonho mais com nada!

Eu não tenho mais sonhos
Eu não tenho mais sonho algum
Eu não sonho mais
Estou cansado demais
Para ter paz e cessar a guerra
Que sempre há em mim e também nos outros
Sadia guerra que nos mata aos poucos
Que nos faz sonhar
Cansando demais para continuar
Cansado de me cansar
Traído por mim mesmo
Vivendo à esmo
À margem do que sou
Marginal de mim mesmo
Eu não tenho mais nem um sonho
Nada pelo o que me preocupar
No que tudo isso me transformou
Tudo isso
O pior dos sonhos que já sonhei e tive
Deixando de ter sendo dos homens o mais triste
O meu sonho mais ruim
Eu não tenho mais sonhos dentro de mim
E sonho, sonho, sonho
O sonho mais medonho
De não ter mais sonho algum!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

PARA O SEU PRÓPRIO BEM E CONSUMO


O rock é quem me dá vida!
Sangue, raça, tração
Me deixa na ativa, não me desliga
O rock me dá vista, auto-crítica, noção
Contra a crítica, contra-indicação
O rock me dá tesão!
Me dá razão
O rock é a minha emoção
A minha ração, a minha nação
A minha aventura
O rock é a minha contra-cultura
Que não me deixa nunca
Ele nunca me deixa desistir
O rock não me deixa desistir de mim!
O rock não me deixa esquecer dos porcos
Nem dos óculos
Para a gente ver bem
E não esquecer nunca
De nenhum filho da puta
Desses que por sua vez também não desistem nunca
De foder com tudo
Que não seja para o seu próprio bem e consumo
O rock é o meu supra-sumo
O meu íntimo e o meu mundo
Meu antídoto de tudo
De tudo que nos tira o rumo
E nos destrói o prumo e mata a esperança
O rock é a minha música e a minha dança
O rock é a minha criança
O meu par perfeito
O rock é um chute para escanteio
Quando tudo vai mal
Saio do normal, mato no peito, despenteio o cabelo
Aumento o som
E tudo torna-se de novo bom
Dentro do tom
Dentro de mim
O rock nunca vai sair de mim!

"ELA !"



“ELA”

Para minha amiga infinita, um infinito e mais bonito dia da vida que se irradia, uma amizade de verdade, bem saudável, para alegrar o seu coração, nenhuma saudade, mas com várias pitadas de mel e um azul bem forte de céu! Para beijar a sua vida na boca, a lembrança do que fomos e sempre seremos, eternos amigos num paraíso indescritível que somos nós! Retira de perto para bem longe os momentos maus, pois isto contra cena com o seu sorriso, equilíbrio do instante seguinte, embora que equilíbrio distante! Contudo, sois prova irrefutável de que a felicidade existe, pois estes olhinhos negros e puxadinhos, brilham como o sol, trazendo à tona a morada de alguma coisa boa! Esta é a tua aura! Clara, bela, leve, macia, esta é “ELA” minha querida queridíssima!

A sua presença é gentileza de Deus, fortaleza dos sonhos meus que preenche o meu coração infantil de você, me recria na imensidão dos dias sem ti! Dispara o cronômetro em direção ao sol de um tempo bom, faz de mim um amigo privilegiado. “ELA” é o meu lado molhado de prazer! Estar ao seu lado deveria ser uma dádiva para qualquer ser e todo ser que tivesse o prazer de tê-la deveria se sentir sagrado, e de volta ser o seu escravo, pois a sua meiguice resplandece dela o seu amor.
O mundo inteiro é travesseiro para o sonho de tê-la de algum jeito, como amiga ou como lá o que for ou o que seja! Pois estar com “ELA” é saber do segredo da ansiedade que todo homem carrega no íntimo, na verdade, escondido em sua parte mais bonita. Todo homem ao seu lado, torna-se bonito e invejado!
Delicada e verdadeira “ELA” é uma flor inteira de primavera e verão que é preciso saber cuidar, mode os melhores frutos brotar, dessa delicadeza sem igual, da lágrima fácil, da dor à flor da pele sensível e macia. Por isso também o sorriso fácil.
Porque “ELA” é sincera mesmo quando fera sem saber ainda mais bonita!
Mas que isso, eu digo tranqüilo e feliz que este ser não existe e está bem aqui à minha frente, dentro de mim, guardada a sete caves impossível de se distinguir, esta primavera que “ELA” é, cheia de promessas de dias assim ensolarados me queimando a pele, o corpo, me torrando a mente, deliciosamente.
Por isso esse sorriso persistente entre a gente, por isso a sensação do beijo, que eu nem planejo, porque este já é meu... desde sempre!

O ROCK QUE SOU!

Eu não tenho medo do mundo
Porque o Rock me dá forças
Eu não tenho medo dos outros
Porque os outros são os outros
Eu sei é de mim! Que nem sei é de mim!

Eu não me preocupo com o futuro
Porque o Rock são meus punhos
Meus dentes cerrados
Eu não tenho medo porque o rock está do meu lado
E nada pode dar errado

O Rock é a minha absolvição
Mais que isso, a minha salvação
Quando estou triste
Me viro, dou meu jeito
Quando estou muito triste
Arranco o rock do peito
O rock é o meu travesseiro
Meu anti-depressivo
O rock me faz ter sentido
Por ele sou um destemido
E não sinto medo
Com o rock eu encaro o mundo
Todo mundo
O rock me faz um Hulk
Ele me dá poder, raiva, truque, grito
Até que eu vomito e me sinto bem
E duvido de tudo ao redor
Da dor e do amor e respeito mais
Fico astuto, barbudo, político, rico
Não devo nada a ninguém
Fico até bonito
De tão feio de dá dó
O Rock é o meu melhor!
Com ele sou imoral
Mas sou também um imortal
Encaro de frente
O que ninguém entende
É que o Rock é mais forte que a gente
E por isso somos mais forte que os outros
O Rock é o meu oráculo e o meu conforto
Com raiva me sinto solto
Com o rock
Que ninguém me toque
O que só eu ouço
Com o Rock eu nunca morro!
O rock é o soco que o estômago anseia
Para voltar à vida
O rock caminha contra o que ninguém suspeita
O Rock faz a minha cabeça
É meu amigo e que ninguém o desmereça
O Rock já me salvou várias vezes, sacou?!
Por isso bato no peito e grito:
TIRANDO O ROCK’N’ROLL EU AINDA NÃO SEI QUEM SOU!

FARRAPO

O ser humano é podre
O super homem é homem
O homem não é o super homem!
O ser humano é foda
O ser humano destroça tudo ao redor
Quer tudo para si! Tudo para si
Para mais ninguém
O ser humano é um Zé ninguém
Tudo para si
Mas não comporta
O ser humano dificilmente gosta
O ser humano não suporta o ser humano
Não suporta o ser humano não suporta
O ser humano!
O ser humano é um ser ator
A dor contínua e constante
Um livro raro mofando na estante dos tempos de hoje
O ser humano é muito escroto!
O ser humano não suporta o calor do amor
O ser humano faz cocô
Depois faz pose de senhor
Mais que horror
O dono do vazio do mundo da verdade
Um covarde que fede e arde de tanto egoísmo
Egocentrismo
De idiotice e de chatice
Quem foi que disse que o ser humano é assim?!
Ele é direito
Tem amor no peito
É elegante, bonito, quase perfeito
Adorável nas horas vagas
Vago demais para algum efeito
O ser humano é um equívoco inteiro!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O IMPOSTOR - Paliativos para uma vida desgraçada




Você aceitou por algum trocado
(Paliativos para uma vida desgraçada)
A ajudar a quem muitas vezes não vale nada
E você nem percebe
O mecanismo que te usa e fortalece o inimigo
Ele apenas te paga por um serviço
Que para você aparentemente não custa fazer
E você fará, ficará horas achando que está ganhando mole
Um acordo que por detrás te engole
E você não sabe
Este sujeito a quem você ajuda a se eleger
Não passa de um impostor
Que não está interessado em ficar do seu lado
Isto é politicagem, picaretagem, molecagem das mais sujas
E você o otário!
Este sujeito jogará pedra no seu telhado
Quando você precisar do Estado
E este não te atender
Quando o seu filho tiver um péssimo ensino
Lembre-se que este destino
Foi você quem ajudou a construir
E quando por fim a segurança da sua família estiver ameaçada
E praticamente não mais existir
Não se esqueça e de vez aprenda
Que isto a gente conserta aqui
Neste presente de agora
E não no futuro de depois
Quando tudo já será tarde demais
E o seu candidato não te reconhecer
E sequer se lembrar
Que foi você, sem perceber
Que o ajudou a chegar lá!
Mas isso pouco importará
Pois homens assim não são políticos de verdade
Não estão nem aí para a realidade
Muito menos para sua
Não vai se importar se te vir novamente no meio da rua
Na mesma condição de sempre, sem evolução alguma
Que você não evoluiu
Porque para homens assim
A política é tão somente um negócio
Pergunta para eles se entrariam nela senão fosse pelo salário astronômico
Se seriam capazes de abnegar prêmios e abonos
Em nome da felicidade dos outros
Se for antes da eleição, sim é o que dirão
Mas se for depois, rirão de nós dois!

Portanto, preste atenção nesta bandeira que você tremula nas ruas
Por conta de que você acha que a tua vida não muda?!

DEPOIS DO TERCEIRO ASSALTO PELA MESMA QUADRILHA, ACHO QUE DÁ PARA NEGOCIAR!

- Puxa! Vocês de novo?!
- É isso mesmo, madame!
- Olha, vocês não estão me reconhecendo? Eu sou aquela da semana passada e de antes de ontem também!
- Sinto muito, madame.
- Mas eu já não tenho mais nada! Foram vocês mesmo que levaram tudo!
- ta reclamando, vovó!
- Vovó é a vovozinha!
- Há! Há! Há! Todos riram! Cuidado com as palavras, madame! Estamos Trabalhando!
- Pois então, vamos negociar, meus filhos!
- Não me chama de seu filho! Porque mãe a gente só tem uma!
- Por falar em mãe, cadê a sua?!
- Não te interessa...deve estar em casa, sei lá!
- Pois então, meu filho, desculpa, eu também sou mãe!
- Não quero saber! Fica quieta que a senhora está atrapalhando o nosso trabalho!
- Tudo bem! Tudo bem! Calma...Olha eu já não tenho relógio nem cartão de crédito...
- Aliás, aquele seu relógio, heim madame
- O que tem?
- Como o que tem? Era falso!
- Falso, é?!
- É!!!
- Olha aqui, meninos, a vida não está fácil, ouviram bem?!Tá pensando o quê? Nós trabalhamos a vida inteira, somos assaltadas duas ou três vezes por semana, não é mole, não!
- e pelo nosso lado – argumentou o bandido – Vocês nunca facilitam. Não é mole lidar com vocês! É preciso muita psicologia, ouviu?! Por isso a gente mata mesmo! Vocês não ajudam, droga!

Neste momento os dois se entreolharam por alguns segundos e de repente, com uma fúria que não sabia que tinha, o bandido fez três disparos contra o rosto da distinta senhora! Ninguém sabe por qual ordem divina, a arma falhou três vezes!

- Filha da puta! Gritou o marginal – Filha da puta! - Sujou! - Gritou o outro!

Nunca mais se viram e da mesma forma jamais conseguiriam esquecer o dia em que a vida foi mais forte que a morte!

A CENA ROCK ALTERNATIVA. - QUAL A ALTERNATIVA?!




O que acontece é o que todo mundo sabe, a cultura é instrumento de discussão contínua, não uma imposição. Movimentos nascem e morrem aos montes todos os dias, contudo, há um fascismo do qual a “Grande Tempestade” (música da Real Sociedade) fala, que controla tudo em função do interesse de uma pequena, mas contundente minoria, que detém o poder da mídia, sobre um povo analfabeto e facilmente manipulado. Quer queiramos ou não, temos que reconhecer que as rádios têm ou tinham um papel importantíssimo e fundamental nessa luta, que eram elas, que de certa forma catequizavam a juventude e os apresentavam a novas bandas, que os faziam estar ligados, que trazia a notícia sobre este ou aquele artista, que por tabela então, faria com que o mercado de vendas de discos se aquecesse e por aí ía. Vinham os shows das bandas que tocavam nas rádios(grande veículo de divulgação), em suas casas, nos seus carros, na televisão, em suas vidas, e que eles conheciam bem, sabiam das letras e da vida do vocalista e da vida da banda, que por sua vez influenciaria e traria outras influências de sua cultura musical, citando outras bandas, indicando ou não novos caminhos, formando assim uma cadeia permanente de fãs e ídolos que fomentariam a cena. Mas nada disso funciona mais! Estamos na escassez de tudo, de informação, de influências e do que é pior, de boa vontade da mídia(grande e pequena), não deixando chegar à nossa juventude, novas informações. Então quando as bandas alternativas se mobilizam e realizam shows e eventos, não têm por excelência aquela força motriz que já deveria existir antes como base, para que a sua ação tivesse um resultado plausível à altura do seu esforço. Mas o público não corresponde, pior, ele não existe mais, por conta de todo esse histórico já descrito aqui. E o novo assusta! Quantas vezes um sucesso, ou simplesmente uma canção, precisou ser tocada um milhão de vezes para cair no gosto popular?! E essa informação é quase sempre massacrante, tocando no rádio uma centena de vezes por dia; assim se faz um público, mesmo que ralo; a verve cultural precisa se alastrar de alguma forma quase fixa, às vezes, para padrões de comportamentos infalsos como o da massa brasileira, tão massacrada e covardemente usada por distúrbios auditivos. Como conhecer bandas como Muse, por exemplo se não existe veículo de divulgação, para que cheguem até nós?! A garotada está ouvindo o quê?! O que chega a ela! Pois, a bem da verdade e a princípio, não se faz força para conhecer novas tendências, a música vem até a gente, através do marketing que as empresas fazem. Sendo que a televisão hoje em dia é até mais forte que as rádios que teriam este papel primário de conversar com os jovens mais especificamente. Então nos enchem de ruídos que para o jovem em formação vem em forma de modismo! E todos caem na armadilha e batem palma para o vazio; mas é o que eles tem nas mãos, o que lhes chegam aos ouvidos. Como podem gostar de Led Zeppelin, se nunca ouviram?!
A cena carioca ou até mesmo nacional estará sempre condicionada a este jargão e ao pré domínio da mídia e das grandes majores, infelizmente são eles que ditam as regras e a ordem da vez. Por um outro lado, caberia a nós, os maiores ‘prejudicados’, mostrar e provar tanto para eles quanto para o público, de que somos capazes de satisfazer tanto a um quanto a outro, só que infelizmente, mais uma vez, acabamos nos tornando vítimas das circunstâncias também. Além de ser um grande desafio despertar algo nessa juventude tão transviada, também nos vemos aquém das expectativas deles. Verdade seja dita, se com toda essa máquina contra, nós não formos capazes de gerar algo que seja no mínimo interessante, ao invés de repetir a velha fórmula de canções óbvias demais para tanta pretensão, não sobreviveremos nem a nós mesmos! Como alias acontece! Por que nossos shows não são ao menos freqüentados por nossos colegas músicos?! Porque nem para eles (como deles para nós) conseguimos ser convincentes! Nossos amigos marcarem presença em “mesmo-todo-show-igual” que a gente faz, não é definitivamente garantia de nada! Apenas amizade! É preciso que se tenha essa consciência e atitude de verdade para mudar primeiramente a nós, se formos plausíveis de mudança, é claro. Ter auto crítica e cultura não só da canção como muito também de literatura, de letra, de engajamento, mesmo que se faça letras despretenciosas; e para os que estão me entendendo, posso citar o Ultraje à Rigor. Quero dizer portanto que podemos ser o que quisermos, políticos ou apolíticos, não importa, quando a música é boa e a banda interessante, e há um istmo de poesia, pode ser que se haja um mínimo de esperança para que a cena mude, porque do contrário...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"NOSSO MAIOR DEVER AQUI NA TERRA É SALVAR OS NOSSOS SONHOS!"







Em que mãos fui deixar os meus sonhos! Em que homens fui confiar minhas expectativas! A vida era para ser vivida por mim, não pelos outros! A vida é um sopro! A vida é um sopro! Muitas vezes um soco!!! Se morro, sou eu quem morro e morro sozinho e pronto, não há mais sonhos que se possa viver, realizar. O azar é a sua vida delegada a outrem! Pretextos são palavras de lamento, palavras ao vento que o desejo de ser deixou de ser antes de ser e que ainda se transformou em devaneio que ilude a sua própria condição.
Em que prisão acabei entrando! Em que solo acabei pisando, se eu sabia bem para onde ia, se eu sabia bem o que queria. Por que me deixei trair?! Em que trama me deixei cair! Quantas vezes levantando, caindo, delirando, acreditando sem sair do lugar, dando ouvidos aos inimigos que me trancavam o caminho com carinhos supérfluos, tão certinhos para ser amor de fato, repleto de atalhos para caminhos longos e dispersos. Por quais mãos e mentes, mais dementes que as minhas, eu me deixei levar, para aos poucos ir me perdendo na vez e na voz do outro, na face obscura das coisas, do bobo que fui e que sou.
Ó sonhos meus incubados, ó vida minha encantada, entoada em mil versões, eu lhe rogo, dois milhões de perdões. Perdão pela incompetência, pela incoerência, pelo desleixo, pela inocência, pela falta de coragem e principalmente por não ter sido quem eu nasci para ser, muito embora continuasse sendo quem eu sempre fui e sou. Um romântico incorrigível, um eterno amador, na acepção da palavra, um escravo incondicional do amor, que acredita em tudo que vê, que lhe contam e sonha!

Não é culpa de ninguém. Nem minha, nem dos amigos, nem da família, sempre tive a dignidade de saber e dizer. Todo mundo está no lugar certo! E muitos dos que se ‘deram bem’ na vida, não têm ainda a felicidade construída, conquistada. Não são felizes da mesma forma e muitos freqüentam assíduos á solidão e até o suicídio e outros tantos não sabem por que e jamais conseguem se encontrar, porque, na verdade, ardem para um outro lado. Então, além da verdade, todo mundo arde para algum lugar em alguma direção. A questão é saber ou descobrir, quem somos, pelo que vale morrer, para de fato viver intensamente. Como disse uma vez Mondigliani, “o nosso maior dever aqui na terra é salvar os nossos sonhos!”

terça-feira, 23 de setembro de 2008

POR FORA DO ALAMBRADO


Passando agora por fora do alambrado
Ouvindo os gritos dos meninos
Correndo, berrando, aos brados
Que outrora eram meus...

- Passa a bola!
- Corre! Corre!
- Chuta agora!
- É Gooolll!!!!!

Era a tarde toda
Quase a vida inteira
Aquela mesma brincadeira!
A corriqueira correria de todo santo dia
O que eu queria mesmo ser
Era jogador de futebol!

Agora que eu passo pelo lado de fora do alambrado
Cansado, apressado, afoito para o trabalho
Que não tem nada a ver para com aquilo que eu nasci para ser
É que me recordo bem na hora
Agora vendo de fora
Todos aqueles moleques – MEUS SPECTROS!
Correndo atrás da bola como outrora eu fazia
Veio-me bater esta doce nostalgia
Até com o cheiro do gramado
Aqui, pelo lado de fora do alambrado
Que agora me atordoa e me aparta do que sou
Que me atém para onde eu vou
Nem sei mais para onde eu ia

"A gente jogava bola todo dia!"

(...)
A bola alçada na área
Para o cabeceio para o gol vazio
Um chutando para o outro, o corpo franzino e pronto
Era o Maracanã no seu melhor feitio
Toda torcida estava lá
Para a gente correr para a galera
Se esbaldar e se abraçar pela alma
Emoção em profusão
E num instante já tinha gente aos montes
Juntando para ‘armar’ o futebol
Quantos dessem na linha e um infeliz no gol
Ninguém gostava de ‘agarrar’!
E bola pra frente!

Vamos partir para dentro!
1, 2, ou 3 tentos
A outra é de quem chegar primeiro...
Ah, mas quanto tempo!
(...)

Foram os gritos daqueles meninos perdidos
Que me despertou para isso

O correr da bola
Fez correr dos meus olhos
Uma lágrima invisível
Do tempo em que eu era imbatível
E feliz como ninguém!

O menino chutou a bola
A bola correu, correu, correu...
E só parou nos pés meus
Olhei de volta
E todos os meus amigos estavam lá, a postos!
Aguardando o cruzamento
Ajeitei-me
Dei alguns passos para trás
E corri feito um menino em direção a ela
A bola eterna!
Num delírio instantâneo, infalível e bom
Um deles mergulhou num peixinho fenomenal
E de cabeça fez o mais belo de todos os gols
De um tempo que não existe mais...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

NA LATA DO LIXO - Cinema brasileiro, um novo conceito!

CARTA A CARLOS DIEGUES
sobre matéria no Segundo Caderno do Globo de 28.08.08
só hoje encontrada (na lata do lixo em 17.09.08)


Sr, Carlos Diegues, antes de mais nada posso dizer que o admiro e que portanto, já de prima peço desculpas por alguma inconveniência que possa estar causando. Apenas fala aqui um simples, um réles, mas um faminto espectador da sua arte. Eu também AMO cinema!
Pois bem, Sr. Carlos, estava aqui pensando sobre seu manifesto e pensei que talvez tivesse, em alguma medida, resposta para sua indagação. E não é de hoje que penso e observo sobre esta questão.
Há muito tempo que também reparo “as mortes” (das quais o Sr. se refere), do nosso querido cinema, e como exímio expectador e amante da sétima arte que sou, vivo me acostumando com essa paz incômoda que só um velório pode ter.
Não é de hoje que percebo o mecanismo da entre-safra entre bons e maus filmes nacionais a que somos expostos, e o que consigo captar à respeito, é que toda vez quando começamos a engrenar, algo logo e sempre emperra e voltamos à estaca zero; quando começamos a conquistar público e crítica há uma reviravolta geral e vamos em queda livre a cair pelas tabelas. Até aqui, nada que qualquer um não saiba, e não é que eu saiba mais que os outros, muito pelo contrário, é apenas instinto voraz e aguçado pelo longo tempo de filmes que assisto desde criança (tenho hoje 41).
O que noto por fim e de fato, é que diretores alternativos com seus filmes de baixa renda mas criativos no âmago, aparecem de quando em quando, com enredos e fotografias bem interessantes e que de quebra ainda nos ofertam a descoberta de novos atores e atrizes que são verdadeiras descobertas para nossas mentes e retinas já tão fatigadas com o velho, que penso o nosso cinema não é tão ruim assim.
O que não foge a minha percepção é que toda vez que isto ocorre ( Um boom no cinema nacional), abrem-se as cortinas e os cofres de incentivos fiscais, através de leis, que à princípio deveriam fomentar ainda mais a cena, mas que infelizmente não conseguem o que a (boa) intenção pretendia. O tiro sai pela culatra e caímos outra vez em desgraça!
É quando volta à cena, os velhos personagens de sempre, que até então, não sei porque se viam ausentes, os mesmos produtores e diretores e atores televisivos de sempre, alguns que se aventuram a dirigir até e diretores de TV que também se aventuram a atuar(estes mais que àqueles), deixando a telinha para encarar a telona com o maior entusiasmo, prática incentivada pela facilitação de patrocínios do qual suspeito que para estes parece ser mais fácil que para outros, porque toda vez que isso acontece, chove sobre nós todo tipo de produção, fervorosas parcerias cheias de emoções, só que baratas, comédias telesivas demais e de assuntos vazios, entretenimentos corriqueiros, que numa sessão da tarde seriam perfeitos. E os novos diretores e seus ótimos filmes voltam ao ostracismo e ao anonimato, perdido de nós, dando a vez novamente ao primeiro escalão da cultura sempre vigente nesse país. Ora, bolas, Sr. Diegues, de pouco importa termos centenas de produções super bem feitas e coisa e tal, a pleno vapor, se a qualidade dos textos e das estórias e até mesmo da direção não são mais as mesmas que acabamos de descobrir, se não há mais qualidade, se esta caiu. Nosso cinema sempre foi capenga, todos sabem, mas toda vez que começamos a dar uma guinada e a colher bons frutos, voltam os vampiros cheios de boas intenções, mas com pouquíssimas e novas idéias criativas para ficar se remoendo, se contorcendo (torcendo apenas para que seus filminhos dêem lucros) reclamando que o nosso cinema é vítima disso ou daquilo, dos preconceitos de sempre. Não, acho que definitivamente, não é nada disso. Apenas o público não é idiota. Por que haveremos de bater palmas para a seleção brasileira se esta anda mal das pernas? Só porque somos brasileiros?! É preciso que se saiba e que se grite, que com o que temos hoje não nos agrada. Só assim talvez, poderemos mudar alguma coisa. Será que será preciso dizer que é através do descontentamento das coisas que repensamos nossos hábitos, conceitos e valores?! Há filmes nacionais que são saborosos (principalmente os chamados alternativos e não os de circuitão) , mas há outros que nem de graça valem apenas serem vistos. Isto é uma realidade em qualquer canto do mundo, no nosso caso, infelizmente, parece que temos que conviver com uma gama maior de filmes ruins, só isso.
Basta olharmos para as performances de alguns filmes nacionais que são vistos com gosto até pelo povão, bilheterias que deram certo dentro da nossa realidade, é claro.
Acho também que não se trata de preconceitos, de ser filme nacional ou não; penso que antes de mais nada trata-se de sensibilidade e de bom gosto e talento também. Quando se reclama que o público brasileiro é injusto com o seu cinema, que não o prestigia, basta olhar o ibope da TV, o povo adora ver filmes e os assistem até tarde da noite, e com gosto, mesmo tendo de trabalhar no dia seguinte. Então das duas...as duas! Ou não há respeito para com ele, o público, para com o seu intelecto, para com sua inteligência e o seu bolso(e ainda faltou falar sobre esse pormenor), ou temos aqui uma grande inverdade. Mais uma vez repito, nós, o público, ADORAMOS CINEMA! Basta que se faça bons filmes!

P.S. Cinema a 46 reais?! Putz! Onde eles pensam que estão?! Meu Deus do céu!

A BARRIGA


Eu estava ali, tranqüilo, me sentindo bem comigo mesmo, alegre até! De repente meus olhos esbarraram com a indesejada visão! Ela estava lá, no espelho, quieta, mas presente; angustiosa de tão perto que nem notei, crescendo em silêncio, me acompanhando para tudo quanto é lugar que eu fosse e eu nem percebia, de noite e de dia, o tempo inteiro, lá estava ela, no perfil externo, à mostra para vistas alheias, que decerto a notavam, mesmo que de soslaio, e que de mais certo ainda deveriam fazer um ou outro comentário sobre a minha integridade física ameaçada de pilhérias precoces. Estava ela lá, a deformar o meu corpo comportado e a afastar elogios. Quando me deparei com ela, tão despretensiosa e preponderante em mim, confesso, me causou espanto e alguma indignação, eu não a convidei! O que ela está fazendo ali?! Quis dissolvê-la num contra suspiro que quase me causou taquicardia, mas não teve jeito, disfarcei mais uma vez como pude, porém por pouco tempo, o fôlego não foi suficiente e fomos prontamente vencidos no instante seguinte.
Foi penoso, quase doloroso, a constatação, mas o fato é que ela se instalou tão confortavelmente em mim que penso que ela não existe com tanta veemência assim; contudo, quando a vejo, o desespero é inevitável. Erva daninha! Queria que sumisse. Mas dizem as más línguas, que quando ela chega, ela chega para grudar, digo, ficar; que quando ela vem, é justamente quando não temos mais forças para lutar contra essa indesejável hóspede, e que por uma questão ínfima de tempo, logo haveremos de suportá-la e tão logo saberemos também, conviver em paz para com ela, a barriga que ninguém quer!

CHUVA FINA

CHUVA FINA


É madrugada ainda
A chuva fina
Na contra-luz
Cai mansinha
Do poste
Sobre as pessoas sozinhas
Aos montes
Que já transitam
Como podem

Sob a chuva fina
Que castiga os pobres
Que trabalham
Por um tosco salário
E o responsável dever
Incumbido
De não deixar
Nada os deter

Assim avançam
Sob a chuva fina que cai
Na madrugada triste
Que vai
Dentro da escuridão
Castigá-los um pouco mais
Sem nenhuma distinção

Os trabalhadores são todos iguais
Que diferença faz
Se faz frio
Ou se não chove mais

Sob a chuva que cai
E que agora não é pouca
Repousa o sonho do patrão
Que não perdoa
E que à toa ri
Da pessoa boa que o outro é
Trabalhadores que nunca enjoam
De obedecer

São ainda 4 da manhã...

PESSOAS ESTRANHAS

PESSOAS ESTRANHAS


Em que condições nossas vidas
Ainda podem se cruzar?!
Ei, você, pessoa que eu nem conheço
Ainda
Em que esquina dessa vida
A gente ainda pode se encontrar?

Ei, você!
Pessoa distinta
Quando será que pinta
Entre nós
Um café, um affair, uma transa, um trago
Um bate papo, uma finta

Ei, você
Menina bonita
Aonde foi que nos esbarramos
Quando foi que nos entre olhamos
E não nos falamos
Pelo simples fato de não nos conhecermos

Muito prazer!
Prazeres à ermo!

Mesmo que a gente não venha a se conhecer
Pode crer
Que eu já gosto de você
Eu já gosto de você !
Eu já gosto de você!

Muito prazer! Muito prazer!

Ei, vocês!
Pessoas estranhas

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A VIDA É UMA PUTA!

A vida é uma puta, ouvi dizer, acho que li num livro beatnik de Kerouac ou de bukowski ou num escrito qualquer, talvez, de alguém que não sei lá quem! Mas olha o que esta frase me fez! Essa fofoca literária, um comentário descabido e lá me fui olhar atravessado pra ela, coitada. A vida é uma puta!? A vida é uma puta!!! Ficou latejando na minha cabeça! A vida é uma puta! Está começando a bater um tesão...O que ela é... ela é astuta, peituda pra uns, sacuda pra outras, a vida é tudo isso e um pouco mais.. por isso devemos ser fortes, malandros, no bom sentido da palavra, loucos, às vezes, deixar que ela nos pegue pelos bagos, olhar nos olhos, firmes e profundos, deixar sangrar, a vida como ela é! Você que já amou uma mulher, você já amou uma mulher da vida? Pois saiba que a vida é muitas vezes uma puta escondida, que brinca contigo, que parece rosa, noutras vezes vermelha, romântica, mas a sua semântica, se manca rapaz, a vida não é cor de rosa, não, ainda não notou! Ela é puta e lésbica! Forte e machona! E essa tristeza? O que é! O submundo da alma? Você descaralhado. E esse conhaque? E aquela vulva suja que te enfeitiça o olfato e a mente com este cigarro que não vai te salvar, esta solidão de merda e de um minuto pro outro uma discoteca, uma alegria sem precedente, você não é um louco? Então não se assuste. Sim, a vida é bonita também, igual aquela puta que te deu tesão! Por isso o velho e o bom rock n roll tem o sabor de um bom vinho pra você! Sim, a vida é doce, é linda e pode ser assim até o fim, mas se tiver de ser sarjeta, prepare-se, ela não vai te poupar, será sua parceira ideal para a dor que sentes, verás um decadente no teu espelho e uma boa puta te carregando de volta pra casa, se ainda tiver, pra quando lá chegar, ver que não havia ninguém. Foi ela que te levou rapaz, feito um pagode que todo mundo canta e pensa que entende, porque ninguém pensa na verdade, ninguém se importa. A vida é forte e não gosta de gente fraca, ela maltrata, ela é uma dama da noite ou uma borboleta do dia ensolarado num jardim de fantasias, podemos escolher o caminho, só que ele é meio sem volta, a vida não gosta de gente enganadora, ela sempre nos espreita quando se sente torta, usada, mesmo sendo doce e querida, não vai gostar de ser ferida, ela é doce, contudo, lembra mesmo uma rapadura, é dura também. E como uma puta, nos beija na boca, nos faz carinho, deixa a gente sonhando, feito um menino, porém, no melhor estilo, vacilou, dançou! Então, não dê muito mole para ela, porque toda puta é uma filha da puta. A vida é uma mãe, se somos bons filhos, mas madrasta também e cobra da filha o que de nos não pede, mas ordena!
Mas ela também é romântica e inocente como o ser humano que cria e por isso, uma vez ou outra, se perde conosco, inocente como nós, uma delícia, doce demais para ser uma puta, maravilhosa demais para não ser, uma rosa e pronto, já nos fodeu! Que gracinha! Nos fodeu de novo!

A vida é uma puta! A vida é uma puta estranha! Uma filha da puta, astuta que te masturba e depois te larga na mão, a vida é uma luta e quanto luto por ela, apaixonado, ela de quem não largo e gosto e admiro e miro bem no alvo, gosto do seu veneno, só quem não gosta é quem não entende, que muitas vezes têm de tudo e não é de nada! A vida é isso! A vida é tudo! A vida é isso tudo! A isca e o anzol!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

AS CRIANÇAS E A VIOLÊNCIA !


INOCÊNCIA PERDIDA

"A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais... " (Renato Russo)



Fiquei abismado com a desenvoltura verbal/coloquial de uma menina de 13 anos de idade narrando os fatos de um assassinato cometido entre gangs. Ela vinha da escola, conversando com outra amiguinha, comentando sobre o assunto, como se falasse de um filme de ação, a tão estúpida e cruel realidade. Fazia seus comentários com uma envergadura de um adulto, com uma clareza sem igual, com uma natureza mórbida dos que não sabem no que se transformaram, numa normalidade assustadora. Como era natural para eles o fato ocorrido, julgava saber mais que as fofocas, imaginava como tinha acontecido, dava detalhes do número dos tiros disparados, o local do ocorrido e onde foi achado o corpo da vítima (um garoto, apenas), e não demonstrava emoção alguma ao comentar sobre a idade da vítima, que deveria ter no máximo 16 anos, dizia ela, emendando que agora o “bicho iria pegar”, porque o pai do rapaz era da pá virada (palavras dela) e que pertencia a uma facção criminosa ( O que não era verdade), dizia tudo com uma devoção, uma naturalidade e uma inocência invertida de quem chupava uma bala Juquinha. E ela era tão nova e tinha uma inocência bonita ainda nos olhos e no modo de dizer, mesmo que coisas tão estapafúrdias, das meninas que começam a desabrochar e já tão jovem apodrecer. Ela não é sozinha, tem família, estuda em colégio particular e não é dada a farras (eu a conheço de vista), mas como estava por dentro das coisas e como sabia falar sobre um assunto que normalmente era para assustar, causar medo, angústia, estranheza, mas não, além do prazer de se mostrar à altura da realidade e da maturidade que todo adolescente faz questão de demonstrar que tem, mesmo não tendo, de saber das coisas, ou pensar que sabe (natural da idade), havia um prazer além do descrito, existia também uma leve sensação de que tanto ela, quanto suas amiguinhas, pareciam carregar em seus semblantes, uma estranha atração pela violência.

Parece que questões como esta lhes proporcionam alguma credibilidade para com a sociedade, para com os outros. É o que costumo chamar: -"O mecanismo do mal!". Não sabem as nossas crianças, que a sua inocência perdida poderia ser a chave para uma antiga questão, mas o problema não é mais a chave nem a fechadura, mas a dura realidade de se constatar que as nossas crianças crescem para um lado errado, e o que é pior, parecem que gostam. O que elas não gostam é de ser o que são: Nossas eternas, adoráveis e inocentes crianças! Criança? Eu?!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A MESMA MERDA DE SEMPRE!

Sempre a mesma merda
A mesma merda de sempre
A mesma merda que fede
A mesma merda que não pára!

A mesma merda, mas que merda!
A mesma merda feito meta
Feito seta e a gente de alvo

Salvo o meu menino
Os nossos filhos
E os amigos dos quais eu falo!

Sempre os mesmos domingos
Dias santos e feriados

Os mesmos tormentos
Os mesmos momentos
Os mesmos assaltos

Os ladrões fazendo a festa
E a festa rolando solta no Planalto

As mesmas poses
As mesmas merdas
As mesmas dores
Os mesmos fatos

As mesmas caras
As mesmas falas
A mesma merda de sempre
Os mesmos ratos!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

ANTES DO SHOW


A cidade aos poucos vai despertando, um novo começo se anuncia, como todos os dias. O comércio abre suas portas na primeira hora da manhã, pessoas já agitadas se apressam para o trabalho, mendigos caminham feito zumbis para sumir na freqüência do dia claro, movimentos escusos, não sei para onde vão embora, e eu não vejo a hora. Hoje eu vou tocar o meu violão! Hoje é dia de rock n roll!
O sol pincela com seus primeiros raios a promessa de um lindo dia, intensificando o seu calor gradativamente e a cidade, o seu ritmo, na mesma batida, os corações palpitam. Automóveis tomam as ruas e as congestionam, mais um dia de trabalho árduo que se inicia agora e eu não vejo a hora...
Funcionários, já de prontidão nas lojas, ensaiam alguma alegria, contudo, não me contagiam, já posso sentir o seu cansaço, irão cumprir horários, disputar espaços, comer na hora certa, voltar com pressa, não correr riscos, todos lá, na escravidão do dia, sob o olhar desconfiado do patrão, sem música para ouvir, presos a padrões, convenções que a sociedade sem respeitar idade impõe e gosta e eu não vejo a hora do show que se aproxima, meus olhos brilham, eu bem sei o que isso se significa...

Semáforos trocando de cor a todo instante, ambulantes vigilantes acampando nas calçadas; nas livrarias, os livros nas estantes repousam sua sabedoria à espera de alguém, sábios senhores da sociedade secreta. Do outro lado da rua, meninos de pele suja maculam soltos a liberdade quer têm, seus olhos ardem e um blues ressoa dentro de mim, no silêncio da minha esquiva observação. Na ponte, o sol se olha no mar, no horizonte gaivotas dão voltas sem parar, lá em baixo um barquinho flutua, em todos os lugares, nos subúrbios, zona sul, em todos os parques, a vida bafora o seu hálito forte em todas as direções, sobre todos, sem distinção, e no meu pensamento uma nova canção lacrimeja suas notas tristes outras alegres num riff de arrepiar minha alma, hei Jimi, você é demais! Aumento o som e minha calma destoa de tudo, da correria, das ansiedades, até das novidades e dos habitantes da cidade. Os amantes inauguram uma nova chama, estes sim, são reais para mim, alheios na cama como eu no palco, tenho orgasmo, estou solto no ar, pronto para voar. A hora do show se aproxima e neste ínfimo segundo antes de tudo, não penso em mais nada!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

É ASSIM QUE SE PERDE DUNGA!


É assim que se perde Dunga!
Quando a guerra não é nossa, ela tem que passar a ser, pois o verdadeiro guerreiro (ou brasileiro), não desiste nunca!

É assim que se perde Dunga!
Com raça, com amor, com paixão, com coragem de sempre ser o que sempre fomos, mesmo com o risco de não vencermos a batalha!

É assim que se perde Dunga!
Com a cabeça erguida e com a garra que essas meninas demonstraram ter e fez por merecer. Se não venceram foi por um capricho bobo dos deuses. A torcida entende quando o time sucumbe ao destino e não à covardia

É assim que se perde Dunga!
Como homens! E essas meninas da Seleção não são homens, são mulheres, que agora (nos lembram) e nos ensinam como se jogar e se entregar à luta!

É assim que se perde Dunga!

Não! Não! Não! É assim que se joga, é assim que se luta!!!
Sem medo de ser feliz, pois o medo de arriscar mina a vontade de vencer.
(...)
É assim que se VENCE Dunga!
Suando a camisa (A torcida gosta disso), demostrando garra, valor, gana, vontade...Lutando, lutando, lutando! Não se intimidando como seu time fez e faz. (E como o Ronaldinho Gaúcho, o craque do seu time, amarela contra los hermanos, meu Deus!)

É assim que se vence Dunga!
COM O CORAÇÃO DA MARTA! Com a determinação exata do que vocês... já não estão com nada! Com a paixão que move os sonhos, com a alegria de jogar futebol, que ainda podemos ver na alma dessas guerreiras-meninas!

A lágrima que cai e o suor que desce, são provas irrefutáveis do orgulho que elas sentem em representar o nosso país e amar o que fazem e se dedicam. Lutar até o fim, até o último segundo com a determinação de um soldado, é digno de quem não merece ser derrotado. Sentimos orgulho disso!

Não, D. Marta, a senhora não fez nada de errado (talvez deus!), ao contrário, você nos deu, nos dá, o orgulho de ser brasileiro (pelo menos nos esportes); enchemos a boca para dizer o quanto sentimos orgulho de vocês. Vocês são um exemplo de ouro para nós! Nós, os homens, é que estamos perdendo a magia diante de tanta especulação. O foco agora é outro. Eles não são mais atletas de fato, mas funcionários (com imensos salários) da grande engrenagem capitalista que esmaga o sonho, a magia, a fantasia e quem somos... há muito tempo.

Eles não choram nem lamentam sequer, e pior, nem jogam!

Já vocês nos dão isso de sobra!
Um viva para nossa seleção... feminina, é claro!

domingo, 17 de agosto de 2008

VOCÊ TEM O OURO!

Os verdadeiros artistas, mesmo que sem “valor” aparente, exposição na mídia, etc, são pirilampos, focos, flashes de luz e ouro, que nos diz e mostra que há outros caminhos a serem descobertos e seguidos, que a luz existe, muito embora, muito deles, não percebam também o rastro da sua missão e apenas atuem no que inexplicavelmente acreditam simplesmente, eles são como instrumentos do bem à serviço da humanidade, que têm a poesia como essência, por isso não desistem nunca.
Algumas luzes perdem suas forças pelo meio do caminho e até acabam se apagando, por isso entristecem como seres humanos e morrem obesos, gordos e mais rápido que o normal; ficam frustrados, viram flores murchas no centro da sala vazia da vida.
Os verdadeiros artistas são pessoas incomuns e imune à sociedade a que pertencem e vivem, mas que contudo ainda se preocupam com ela e com seus seres tão carentes de luz e sensibilidade.
O sorriso do artista, mesmo que ainda em construção, é diferente, sua visão de mundo é diferente, seu amor é diferente, sua força é frágil, porém, tão poderosa que a transforma em música, que se alimenta de seus próprios esforços e até de seus próprios fracassos, fazendo deles um trampolim para o inusitado mundo seu; e o sucesso é algo tão triunfal quanto trivial, por isso sua alegria é espontânea e verdadeira, autêntica e pueril, e por fim, contagiante, seu carisma é a sua existência e uma praxe da alma.
O verdadeiro artista é o homem feito de sonhos, invencível no seu caminhar, imbatível em sua crença. Ele é a criança que não pensa, ele apenas é. Ele é um portal de boas novas nesta vida tão conturbada e perturbadora, o nirvana da vida humana, a energia sagrada, a sinergia e o estímulo, na propulsão de nossas dores, sofrimentos e desalentos. Ele é a palavra e o mensageiro de Deus no jardim sem primavera, ele é a primavera e o verão. Portanto, quando se depararem com um artista de verdade, por mais insignificante e obscuro que aos seus olhos ele possa parecer, muito respeito para com ele, por favor, pois são entidades sagradas, de luz, no seu caminho.
A sua Arte é muitas vezes incompreendida e indiscriminada, mas isto não é um problema dele!

Reparem como brilham no palco!

Estão dizendo: Basta de sofrimento!
Você tem o ouro!
Você também é luz!