sexta-feira, 24 de outubro de 2008

PAIS & FILHOS


Muitos não percebem, mas as raízes que temos hoje, é fruto de pequenas coisas que a despeito da infância, não se dá o devido valor, os pequenos vacilos de valores que o tempo ao invés de apagar, cuida de fixar no inconsciente adolescente que cresce em silêncio e em segredo, no íntimo guardado mesmo de nós que o vivemos, uma semente que não sabemos ao certo o que é nem no que vai resultar.
Mais tarde, distúrbios de comportamento aflorarão, sem motivo aparente algum. Já será a personalidade do jovem que sofreu influências negativas no passado, agindo por si, sem que ninguém entenda ao certo de onde nem porque ele hoje desagrada as ansiosas expectativas dos pais. Tudo porque são as pequenas coisas que valem mais e nós não damos valor, porém e por isso mesmo, não se percebe na piada preconceituosa, racista e sem graça, contada com requintes de cinismo e leviandade, como se fosse a coisa mais normal do mundo, na frente da criança que custa a entender, mas que absorve fria e tranqüila, a hipocrisia do pai, que ri em histeria, achando tratar-se de uma mera piadinha inofensiva, na verdade uma brincadeira de mal gosto. Só que ele não sabe que a brincadeira de mal gosto também irá atingir ao seu próprio filho, uma criança, muito mais atenta que os pais pensam, que por sua vez, irá revidar a ação, em reações futuras e tristemente vazias, perigosas e precoces, levando consigo para o resto da vida, o mal exemplo colhido dentro de sua própria casa, pois se espelhando no pai, o seu incontestável herói, não poderá entender que mal há em tão inocente descontração.
Comentários maldosos e fora de contexto sobre este ou aquela pessoa pobre ou de cor, ou até mesmo branco ou rico, mas sempre inferior à sua discreta arrogância, ensinos equivocados sobre verdades e mentiras, honestidades e espertezas, colocaram em xeque o futuro do menino e dos homens.
Ninguém gosta de ver seus filhos sofrendo e muitas vezes, acabam pagando um preço muito alto pela má educação dispensada a eles, porque não souberam explicar ao próprio filho a diferença entre homens de bem e homens espertos, que há lágrimas de tristezas, mas também de alegria e que fazer o bem é a maior das virtudes, mesmo que por vezes não possamos levar vantagem pela ação; que há a derrota e as conquistas, que tudo ensina, que devemos aprender com o simples e com a humildade dos mais simples ao invés de sermos soberbos e pegarmos a vida do patrão como meta a ser atingida, a qualquer custo.
Mas ao contrário de tudo, são os próprios pais que avançam na contra mão da ansiedade e proliferam o ardil conceito sobre a vida degradada que hoje a sociedade vive, a despeito de conceitos e valores predeterminados. Ele não está preocupado em salvar nada, nem o sua própria cria, mas fazê-lo forte e destemido para o combate.
E o capitalismo, semente de todo o mal, regerá suas vidas inteiras, em detrimento ao que de fato nos eleva e amadurece. Se vangloriarão e agirão com toda a força, boa ou má, que têm, pela vitória do filho que massacrou o ‘amigo’ no colégio, no futebol, na vizinhança. Desta forma, assim, provável que não atente nunca para o desastre que cria.
Era para regozijarmo-nos de alguma forma e sermos gratos, com o aprendizado que ocasionais derrotas e a própria vida em si, nos proporciona, mas não, antes, abominamos imediatos e veementes tudo o que não nos envaidece, enaltece e ilusoriamente nos enriquecem.
Nossos descuidados e pobres espíritos é que fazem a festa!

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