quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Do livro inédito de Nem Queiroz "RESSACA"

Entornou novamente goela abaixo, de uma vez só, jogando uma nota de dez reais sobre o balcão e saindo em seguida, parecia desiludido por algo de tempos atrás, na calçada da rua deserta e cheia de gente, seguia pensando, enquanto fitava corpos feminis:
Como são poderosas! Veja como se movem, se mexem com a desenvoltura de uma garça, numa graciosidade de levantar defunto, balançam seus traseiros e suas tetas como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se ignorasse o ato. Desde pequenas desenvolvem (mesmo sem perceber, às vezes) o poder da sedução, se enfeitam toda, se produzem até além da justa medida, celebram a vaidade, desde quando acordam até a hora que vão dormir, parecem perfeitas, e caímos assanhados em suas teias, frágeis demais para entender que fomos fisgados à sua vontade e revelia. São na verdade, verdadeiras bruxas em pele de cordeiros. São atraentes, boas de fato, carne fresca, limpa, cheirosas, ( a propaganda é a alma do negócio) para depois, só depois, se deixarem descobrir o que verdadeiramente são. Apenas mulheres, nada além disso, sexo oposto, um ser humano igual a todos nós, aparentemente frágeis e cheias de não me toques, apetitosas na hora do jantar, indigestas para o resto da vida, cheias de luas e impaciências, egoístas ao extremo, disfarçadas de sutilezas mil. Na verdade, apenas lutam por sua sobrevivência, assim como qualquer animal. E quais são as suas armas?! A lábia e o corpo. Escravizam nosso olhar e nossa mente, nos viciam com o olor que exalam de si, do seu sexo, nos chupam para dentro e jogam fora as chaves. Salvo raríssimas exceções, tornarão nossas vidas num inferno com portas de ouro, ornamentadas com rosas e jasmins, para depois, por dentro, nos dizer, comeu a carne, a gora roa o osso! Deprimem-se com facilidade, acham que não são mais desejadas e então cravam suas unhas, suas garras, em nossas costas como um algoz faz com sua presa, não nos deixando mais sair, nos atormentando com suas paranóias e suas inseguranças, nos agridem querendo sempre mais, nos agonizam, nos envelhecem, perdem a pele de cordeiro e por fim, mostram-se aquelas bruxas de que sempre ouvimos falar a vida inteira. Casamos com uma cruz, o nosso carma infalível. Livre-se se puder! Um ditado resume bem: “Mulheres! Não se pode viver com elas nem sem elas!”
Tudo por causa de quê?! Da boceta! Parecemos uns paranóicos para com este obscuro objeto do desejo. Definitivamente não vale mais a pena se prender por tão pouco. São todas iguais, elas ( as bocetas) e suas possessivas donas.
Mesmo se tiveres apaixonado, tente, ainda assim, ser um pouco racional. Ponha na balança suas percepções e seus instintos, veja, reveja, preveja o futuro, olha para a mãe dela, cutuque sua personalidade e depois não vem me dizer que eu não avisei.
- Mas e o amor?!
- Ah, meu caro, o amor...o amor é uma outra coisa divina demais para nós humanos cheios de defeitos, é de um outro mundo, de um outro quilate. Impossível de ser verdade. Não tende entender. Não o procure por aí, pois o amor, este só existe dentro de você mesmo, mas egoísta e convencido demais, a gente nunca olha para lá!

Um comentário:

  1. ô meu camarada, vindo de vc esses elogios para o que escrevo, fico mais animado! E todos as palavras que me diz, soam como uma composição MOZARTIANA!
    Valeu mesmo! Seus textos, num preciso nem dizer o quanto eu os aprecio, leio todos rsrs! abçs

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